Escritas do fundo do mar

29
Jun 10

Dona Joaquina, senhora de pose fina, levantou a pesada impaciência e fulminou o marido, já combalido, com o habitual olhar 2 cabides. O coitado do senhor Alfredo, habituado a viver no medo, levantou-se e aquiesceu a pouca sorte, trocando de mesa com o Aristides e parceira. Que bandalheira.

 

- Pares sobem, jogos descem…

 

Trocados os assentos quentinhos, ficam os que não podem e os que por direito não se mudam. Agitam-se jogadas mortas e espetam-se vazas tortas. Começa nova contagem e novo leilão. Dois sem trunfo, pois então, que isto de ter pontos é coisa para versados. Não se iludam e estamos conversados.

 

- Pares sobem, jogos descem…

 

Alfredo “Às de Trunfo”, melhor jogador lá da rua, dá de avanço em piropos o que lhe falta em jeiteira, enquanto a parceira amua. Mais uma voz de papo cheio que acaba num malvado carteio. Devias era estar deste lado que já não te armavas em engraçado. Jogou-se o que deu. Valeu? Sim… um cabide dobrado.

 

- Pares sobem, jogos descem…

 

Ouvem-se cadeiras e fumaças apressadas, que o Oliveira já está à espera. Mais a Vera. Com esses é só maçadas. Jogam transfer não sei para onde, nem sei para quê. Deixa lá, o homem é Conde, não se vê?! Mas podia jogar com alguma nobreza, sempre dava um tonzinho diferente à mesa.

 

- Pares sobem, jogos descem…

 

 

Laurentino e parceira olearam a placa a noite inteira. Antes da carta certa murmuravam lamúrias entre dentes, soltos mas reluzentes. Não há lugar para brincadeira! O jogo quer-se sério e vitorioso. Para falha, já basta o tropeção adulteroso. Jogas tu, trinco eu. Troca que não gosto de fazer de morta.

 

- Pares sobem, jogos descem…

 

Entre espadas e outras abanadas, Alcina era mais dada a copas, topas? Assuntos de coração que não se resolvem com paus, pelo menos maus. Para bater couro mais vale jogar ouro. Pelo sim pelo não, corta-se do morto e apura-se da mão… não vá dar para o torto e não haver solução.

 

- Pares sobem, jogos descem…

 

De porte autoritário e mandão, Manuel Juiz, o doutor, era dos árbitros um senhor. Ou talvez não. Mandava subir e descer, carregava em botões e dava cartas, fazia da pose o saber e iludia as disputas mais fartas. Mais dado às artes do xadrez, onde sentia ser o rei, de Bridge sabia as cores e do resto nem falarei.

 

- Pares sobem, jogos descem…

 

Campeonato de manha tamanha só podia ser num local. Depois do como é preciso o onde, e para isso não há igual. Sabemos onde se joga bem. É num clube onde ninguém se esconde: jogo eu, jogas tu e o Abel. Ainda joga a prima, a tia e a mãe e ainda há espaço para mais alguém. Senhoras e senhores, eis o CBL!

 

- Pares sobem, jogos descem…

Bilhetado por Brunorix às 17:29

14
Out 09
O Valor sentou-se na Dúvida e pensou quanto valeria tudo o que vale qualquer coisa. Qual não foi o seu espanto, quando a pensamento tanto, se apercebeu que no valor tudo poisa. Levantou-se da Dúvida (que entretanto já se queixava do peso) e sentou-se na Convicção onde um pensamento mais teso já lhe fazia comichão.

Deixou-se comichar valorizando o Sentimento, até que a dado momento, sentiu prazer. Não daquele de sentir, mas daquele de se ver. Igualmente bom de cheirar, sorriu no que estava para vir e no que acabava de chegar. Seria o valor do sentimento?

Dois assentamentos mais abaixo, valorizou o Dinheiro. Que cheiro! Empestado de manipulação, não dizia que sim, mas também não dizia que não. Sentiu o ódio e a felicidade unidos na mesma puberdade. Que valor seria aquele, na verdade?

Sentado agora no valor de cada Nota, sentiu-se primeiro idiota e depois, cuspiu na derrota. Seria musical? Talvez fosse classificação, embora essa nem sempre tenha razão. Deixou-se atribuir, em jeito de pauta e musicou o plural do seu sentir: 20 valores!

Cansado de tanto se sentar o Valor levantou-se no destino e concluiu, para acabar, que tudo o que vale não tem tino e que o nada vale o que quisermos dar. Será que isto vale alguma coisa?




17
Jul 09
Um Conto sem ponto e um Verso perverso encontraram-se na esquina de um livro.

Perguntava o Conto pela vida do Verso, mas como não tinha ponto, nem sequer entoava questão. O outro que era torto e ainda por cima perverso, nem tentava perceber nem ajudava de antemão.

Dobradas, a contenda e a esquina seguiram na cavaqueira da vida. Sempre com frases não terminadas, outras ideias maltratadas e uma estrada mais curta que comprida. Amigaram-se do conhecimento e abraçaram as palpitações da discórdia. Sempre na paródia.



Rábulas feitas entre ruas mais estreitas, saltaram capítulos de concordância, com notas de menor importância. Assuntos lá de baixo, assim do pé da página que o importante está mais à mão e no resto nem me encaixo. Mas também não digo que não.

Chegaram depois à partida desenhando argumento perverso, sem verso e encheram de pontos todos os contos que encontraram no bem dito regresso. Sentados na mesma esquina primeira, combinaram que aquele livro à maneira seria para todos o inverso.

O mesmo será dizer, que o conto que se está a ler, leva ponto e leva verso mas não é de todo perverso.

É apenas fraquinho, tadinho…

Bilhetado por Brunorix às 18:43

02
Abr 09

O pio da pia

António da Silva Albano, de todos o mais bacano, era senhor de alta voz em porte de siglas ASA. Não pilotava de ganha-pão, mas cantava noite fora pela mão em recantos de auditório e casa. Soprava notas de timbre certo, sempre de peito aberto em fulgor de paixão cantante. Não há espectador que não se levante, e de palmas não seja exuberante sempre que o Albano, a seu jeito, cante.

Assim vivia por notas e harpejos de voz, sempre em constante cantoria. Quem o visse em franzino colo de avós, jamais lhe almejaria futuro, quem diria?! Cantava para emigrantes, senhores e outros doutores, especialistas e pedintes, alguns também pedantes, surdos e outros mudos, mas todos seus ouvintes. Festas e cerimónias, restaurantes, bares e outros lugares, alguns discos e radiofonia também constavam das suas parcimónias.

Tudo cantava sobre rodas até ao dia em que nem mais um pio. Albano abriu a consola, vergou olhos e rodopiou a mola, mas som ninguém ouviu. Excepção a uma pequena nota não musical, que do esforço saiu de mansinho e odorou mais para o lado do mal. Também mal, disse da vida má sorte, em desespero de som algum que parecia dentro de si como que fechado em caixa forte. Vieram médicos e especialistas, damas de santo e engenheiros, padres e outros curandeiros, mas ninguém o punha a cantar. Azar!



Chorava em silêncio mundano, Albano já menos bacano, pela desgraça da sina sua. Por companhia e inspiração de raça ofereceram-lhe então uma catatua. Bem se esforçava o pobre animal, por devolver a voz a seu dono, mas apagado que andava afinal, nem dormia nas horas de sono. António da Silva Albano, caía no mais fundo do desespero humano.

Esperava milagre sem força, sentado na espera do dia em cadeira tom de agonia. Até que desmaiou de desalento, caiu sem contentamento e bateu com a cabeça na pia. Pois se do piar tinha sido o mal, assim como foi também agora voltou. Albano a cantar acordou uma espécie de hino nacional.

Voltou a alegria a casa de música, voltaram as vozes e as palmas em explosão, voltou o esplendor e as cantigas de rua, voltaram os coros e os trinados de mão. Albano, de novo bacano, seguiu cantando a vida em notas de feliz canção. Até hoje não voltou a perder a pio e nunca se soube o porquê da razão.

Moral do desfecho musical: em caso de aflição afónica é cabecear qualquer pia atónita. Serve para outras questões, maleitas, frases feitas e males de índole mais geral.

Bilhetado por Brunorix às 18:29

12
Fev 09
Limonada Final

Maria Elvira, também de nome Limão, era tida por ter tido ira, contra tudo, contra todos e contra o irmão. Do alto do seu sexagenário tempo, olhava o mundo desconfiada. Dobrava-se ao peso dos anos, sentindo no viver desalento e no acordar não via nada.

Confundia cores de passado com pinceladas de presente, tinha comportamento marcado, por vezes desafinado e andava sempre ausente. Louca de todo, diziam uns quantos, aquilo é da idade, respondiam outros que tais. Deixa-nos a todos perdidos em prantos, vejam lá que no outro dia andou a assaltar quintais!

Parece que galgou muro de outros tempos, como se apenas 10 anos tivesse, roubou fruta e outros tentos, partiu vidros e lamentos e ainda gritou uma ou outra prece. Quem não gostou nada do dito assalto, foi o dono o Tio Sebastião, que quando viu o estrago do salto, depressa lhe jogou a mão. No entanto, perdeu-se de espanto ao ver larápia tão avançada, na idade diga-se por enquanto, pois do juízo estava muito atrasada.

Lá foi seu irmão penoso, buscá-la de nova loucura. Estava cansado e pesaroso o pobre irmão cura. Vezes sem conta deu passos neste destino, para levar Elvira de volta, que ainda reagia com muito desatino e o acusava de medo e também revolta.




Nos ataques de ausência pura, percorria a cidade em transportes, e não pensem já não serem fortes as suas viagens sempre à pendura. Era vê-la junto aos miúdos, bem agarradinhos no frio do eléctrico, com o contraste dos seus brancos graúdos, causava arrepios de medo tétrico. E se caía por ali um dia?

Assim passavam os tempos, nesta mistura de idades ausentes. Vivia no fio dos contratempos, pesava loucura, mas ainda tinha dentes. E eram fortes para o vigor que tinha, e eram saudáveis para esta idade de acidentes. Ela sentia idades diferentes, só não estava era bem da pinha.

Até que um dia de alívio para todos, não abriu os olhos ao acordar, não mexeu nada no amanhecer. O que lhe deu ninguém sabe contar, o que se passou ainda se está para saber. Da Elvira passada, a marca a reter, é que o vento se pagou e acabara de morrer.


05
Fev 09
Maria vai com os outros

Apenas Maria, menina agora de bem, nasceu no fundo de uma bacia depois do esforço de sua mãe. O berço, de outrora latão, foi esquecido a rezar o terço, bem apertado na mão e segundo doutrina de sua religião. Fez-se à vida da conquista, agarrada ao sonho de mais, sem nunca perder de vista, objectivos, desejos e outros que tais.

Cedo estudou pose e altivez de confiança, largou depressa criança e cresceu muito e sempre mais. Já nem era reconhecida pelos próprios pais. Esses mesmo que escondeu numa gaveta, que isto de conquistas endinheiradas é assunto de saias travadas e ai de quem no meio se meta.

Andou por festas e outras andanças, sempre em almofadas de ilusão. Deitou mão e enfeitou testas, deste, daquele e ainda do irmão. Ganhou fama de abertura fatal e engordou cofre de cagança, pois vida ganha na horizontal, nem sempre dá segurança, mas quem muito coisa sempre alcança. Juntou muitos nomes ao que tinha, pomposos o quanto baste, sempre segurando na pontinha da sua bandeira de traste.




De cama em cama viveu na sombra, de vidas ganhas por sangue. Perscrutou vida de abutre, com voos de escolha langue. Aprisionou conquistas de perna, guardou vitórias em rodilha e ainda deixou na camilha cartas de gente terna com toques de muita matilha.

Assim vivia com a luxúria do que ganhava no ano, até que apareceu tal figura, de corpo presente bacano. Perdeu-se de amores em revista, e pela primeira vez a conquista foi do outro, o tal de Elmano. Também ele se deitava a ganhar, vivendo em lençol de jeito quente. Se o queriam sentir e cheirar, pagavam bem e sempre à frente!

Trocada de voltas Maria, foi vitima do que sempre foi, quando viu que o cofre lhe fugia, chamou-lhe para cima de boi. Afinal deixou-se levar por encantos tantas vezes usados, que isto de saber muito trás sempre quem sabe, outros truques igualmente cantados.

E assim se fez volta à origem onde esteve sempre a pia, que esta de novo apenas Maria, sopra agora anos de fuligem e abre gavetas que já não queria. Em jeito de moral e conclusão, diz-se que quem alto voa sem estender a mão, sempre acaba a andar à toa seja de berço de ouro ou talvez não.
Bilhetado por Brunorix às 18:27

10
Jan 09
Por mares nunca antes cheirados

Felisberto, primo do Amaral, tinha tudo para dar certo, o problema é que cheirava mal. Bonito como nenhum, bem-falante e aprumado. Mesmo na farda de comandante, nunca odorava a lavado. Sabia triste a sina de seu cheiro e esfregava o desespero sabido. Nunca era de filas primeiro, pois se vento vinha, o detrás estava caído.

Se a comandar era o mais esperto, sabiam seus homens de antemão, que ao pé do Comandante Felisberto só se chegava o Sargento Carlão. Este por ser duro de nariz e mal feito de olfacto, era o único no seu cariz que chegava perto, de facto.

Lágrimas de Comandante corriam, no ombro do primo Amaral, que a muito custo lhe dizia para não pensar no cheiro, e tal. Forjavam uma solução galante para este mal de odor marinheiro, pois se a questão não era valor para que seria então o dinheiro?! Vai de comprar cremes e sabões, loções e coisas médicas. O combate ao mal odorífero seria travado em batalhas épicas.

Mergulhado em banheira de perfumes, assim ficou o infeliz odorado. Dois dias inteiros mergulhou até estar bem fresco e lavado. Dormiu e tudo mais ali, naquela sopa de belas fragâncias. Deixou ir o mundo, que antes lhe estava parado, enquanto perfumava o mais recôndito das suas ânsias. Nascera o marinheiro perfumado.

O seu andar espalhava agora flores de Primavera, enquanto o seu falar exalava brisas e tons de aloé vera. Até o mar dos seus olhos cheirava a poesia conquistada, num perfume de outros molhos e ramos e tudo o mais que bem cheirava.

Nova página de conquista em cheiro de história de artista, pois era vê-lo a abrir sorrisos e a rodear-se de todos no navio. Já se fazia ao mar de peito aberto e do antigo ninguém mais viu, pois nascera para todos o recém cheirado Almirante Feliz Berto!



06
Jan 09
A Revolta do Avental

Leopoldina, não do Continente, era filha de gente fina e mãe de boa gente. Vagueava pelas ruas da vida, com uma alma mais curta que comprida. Dona de uma casa de alguém, varria os despojos do dia sem obrigados e só com desdém. Três filhos de geração contente, eram a alegria dos seus olhos e a razão do caminho em frente.

Nascida de berço dourado, casara com a tristeza da vida e estava o destino estragado. Largara direito de profissão, para entortar pela lide doméstica. Um, dois, três e já não teve mão, filhos e atilhos apagaram a luz da última réstia. Fazia dos dias acinzentar e guardara pincéis de esperança, pintara uma cruz no olhar e fechara o estore do amanhã criança.


Nalgum dia de visão certeira, sentira na alma um sopro dos deuses que lhe abriu a porta da escandaleira. Agarrou malas de decisão e partiu convicta sem credo na mão. Deixou para trás todo aquele que andava, na alçada de um pasmado patriarca. Levou apenas o que ainda mamava para não lhe deixar uma tão grande marca.

Voltou muitos anos depois, dona de uma vida de aventura. O que mamava já só via mamas, ainda era pendura mas já guiava bacanas. Trazia outra luz no olhar e agarrara o cinzento de frente. Enquanto os ficados continuavam a ficar, ela trazia dança em corpo mais quente.

Fizera mundos e trouxera fundos em alargadas prosas financeiras. Plantara cores e enterrara dores, deixando florir abetos e outras rameiras.

Trouxe ventos de mudança, que foram acatados na ordem do dia. A que foi já não volta nem lança, a que está é porque já foi e agora nem ia. Assim se fez nova ordem, em casa de mulher de ideias que comeu onde os outros mordem, lambeu feridas e coseu meias. Percebidas contendas as de Leopoldina, moralizam nesta história de sucesso. Pois matriarca que nasce fina, jamais será concerto de pouco ingresso.

Vera incessu patuit dea*




* Manifestou-se verdadeira deusa pelo andar.


05
Jan 09
História de um outro Inácio

Inácio, também por rima Pancrácio, dava ares de galináceo nas suas feições de esperança. Dono de altiva ingenuidade era na verdade, um adulto em recheio de criança. Nascera fino de grossura, mas fazia da sua postura, a crença da sua faiança, pese embora a pouca bonança. Ah! Ainda fazia da envergadura, a crise de uma verga dura numa apatia sem ponta, onde o que interessa é a altura e não o tamanho da conta.

Vivia então assim, na ilusão do rico pobre, que pensa sempre chegar ao fim, mas nem todos os meses sabe se cobre. Escrevia coluna social, que dava para os gostos e gastos. Não escrevia nem bem nem mal, mas fazia da opinião, afinal, a leitura de seguidores vastos.

Frequentava altas patentes em festas e ocasiões destas, mas cerrava sempre os dentes pelo esforço dos gastos latentes, florido de apertos e economias funestas. Mas eram ossos do ofício e tinha de picar ponto em presença, cobria de esforço o sacrifício e lá golpeava os ilustres com estocadas da sua crença.




Certo dia, agora exposto, estava o autor na amargura de não ter sumo na fruta nem matéria-prima desde Agosto. No jornal a coluna parada, fazia da escrita de Inácio, sempre com muito opiáceo, a sequela da história inventada. Precisava da luz a visão e na falta de abanão social, fez-se afoito à aventura da estrada e ao destino deitou mão. Deu-se mal.

Meteu foice em seara importante e galgou saias de esposa fina, conseguiu história em semana gritante, mas acabou depois diletante de uma tal de Madame Lina. Ficou da lembrança o mais giro e acabou mal tinha começado, pois marido resolveu questão a tiro e se esta página mais não viro é porque se finou o autor trespassado.

Termina assim coluna social, de um Inácio à procura de seiva. Incompetente no coiso e tal, escrevia nem bem nem mal pois nascera em berço de eiva. Moral da história pedante: não se procura destino forçado, mas espera-se acontecimento traçado em desígnios de acaso ofertante.


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