- Então o Sr canaliza?
- Canalizo pois!
...
- Não tem prái um tampáruere ou isso para despejar a água?
- Tenho pois!
...
- Prontos! É da bomba d`água! Agora só 2ª feira...
- Pois...
De volta às lides da vida (com uma peça a menos) reencontro na mesma tudo o que nunca muda. O ar está impregnado do que sempre foi e o amanhã continua igual ao ontem. Ouço (melhor) o espanto que rodeia cada acontecimento e lamento a apatia da vida circular, que pode ser segunda ou de primeira insatisfação.
Os sonhos enclausurados agarram-se às grades da consternação e fecham os olhos a cada bandeja que surge para alimentar o tempo. O julgamento é aguardado no cárcere do destino… sem fome.
Inspecções de consciência viram as patas do aparente ao contrário enquanto a linha do horizonte se verticaliza no sentido inverso. Perverso?! Não, original! Não importa a cor do pêlo, desde que não seja camelo, nem a força do olhar que perscruta na imensidão do que se sabe existir. O que interessa é a aparência.
Passadas de presente, deixam passados para trás do que há-de vir. O caminho de regresso faz-se no sentido árduo sem pisar questões. As emoções ficam do lado de lá e aqui grita-se a lei do silêncio.
Os maçaricos da revolta deitam chama de isqueiro infantil e chamuscam de ridículo a vontade. Qualquer sopro de imposição apaga as velinhas de um bolo estragado de tanto esperar. É só soprar.
Que bom estar de volta!
... na doença! Operativamente falando (isto é, em termos de operação) correu bem, mas estamos de baixa e com dificuldade para monitores e teclados.
... não avisámos que íamos estar de férias (embora se note muito pouco). Pelo facto, apresentamos as maiores desculpas aos nossos clientes e amigos.
Reabrimos para a semana.
Amigos, ou não,
A amizade perde o valor que se pensa que tem a cada passo de surpresa. Nos verdadeiros momentos é que revelamos o âmago da nossa existência. Salve-se quem puder?! Pode ser, mas avisem. Os abraços de esforço que demos ao longo do caminho esfumam-se na primeira revelação. As fotos da verdade ficam na memória. Passou à história. Passou mas são páginas de um álbum que fica na prateleira.
O jardim em que cresceu o nosso entendimento murchou algumas circunstâncias e carece de água da vida. A pele seca ao sol da vergonha e estalou na ocasião. Agora só com cremes de consolo e banhos de partilha. A descontracção da queda do próximo é o assobio para o ar que não esperava ouvir. Gravei a música.
As cores da nossa viagem perderam o brilho das paletes de outrora. Continuaremos a pintar questões e ideias. Só as telas é que não são da mesma confiança.
O abraço de sempre (com amizade mais clara),
M. Logrado
Mãos de zelo aconchegam pêlo e amaciam a dor. A disparidade da dimensão tira pensamento e acrescenta preocupação. Ou então não. O desprotegido sentimento que nos forra a alma, cabe na palma da mão e brilha no fundo de um olhar que transpira apenas o que é. Não há amarras, nem ideias. Apenas o viver que se faz de um simples respirar, de uma existência breve mas verdadeira.
Fim-de-semana de grandes dimensões encheu os olhos de magnificas esculturas da imaginação. Mais do que uma moldadora de materiais Joana Vasconcelos é uma materializadora de ideias brilhantes. A utilidade dos objectos transfigura-se nas suas mãos enquanto os espaços se conceptualizam em linguagens multidisciplinares. Voar é divertido nas asas do sonho, desta artista. Muito bom. O jogo do fantástico e do chocante andam de mãos dadas nesta exposição.
No dia seguinte, no mesmo sítio, o que já passou nunca deixará de passar. O dia mundial da poesia foi de leituras sentidas e lágrimas sentadas. Os laços da família amaram os laços da palavra e o momento nasceu. Comoveu. Viva os verdadeiros poetas! Os poetas da palavra e do sentimento. Dedicatórias e outras vitórias também se fizeram ouvir. Bonito.
Já passou uma semana. As dores de cabeça são permanentes e os ouvidos incham de cansaço. Mesmo quando pára parece que ainda continua. É localizado mas está a toda a volta: vem de cima, vem de baixo, vem dos lados.
Ao fim do dia vai dentro do pensamento e só se desliga ao adormecer. De manhã recomeça. E vão ser 15 dias assim…
Se um dia o sol falasse iria dizer tudo o que eu estou a sentir. Cada raio que dele saísse seria um pensamento meu em direcção a ti. Durante muitos anos as nuvens impediram que a luz aí chegasse.
Mas hoje... hoje o vento da vida limpou o céu e o sol falou.
P.S. - Para ti, por todo o tempo que tivemos de esperar para que este dia fosse hoje.
Dois laços familiares passeavam no jardim da vida quando tropeçaram na realidade. Levantaram-se, sacudiram os incómodos dos joelhos e enlaçaram ideias de caminho. Só um bocadinho.
Abanaram convicções e alicerces de certeza na esperança de um mar calmo que iria ser de certeza revolto. Compilaram sentimentos escritos em envios de papel diferente, mas convincente!
Consultaram laçada ajuda na esperança de iluminado enlaçamento. Debateram estratégias de enlace e tácticas de aproximação. Vai dar confusão? Talvez sim, talvez não.
Seja qual for o enlace… laçaram!
Não, não foi um problema da EDP nem um corte por falta de pagamento. Foi mesmo uma escolha e uma surpresa boa (como sempre!). Escuridão, comida vegetariana e gastronomia molecular deram as mãos (e nós também muitas vezes porque ajuda a sentir onde estamos) nesta noite de sensações sem luz.
A ansiedade de uma experiência diferente transpôs-nos para o outro lado de uma cortina de emoções novas. O primeiro impacto é brutal e aguardamos tolhidos na fila que alguém que se movimenta como se houvesse luz nos conduza ao nosso lugar. Passados os pequenos encontrões da falta de hábito sentamos o nervosismo e damos início ao processo de adaptação e consequente aumento da tranquilidade. Entre nós, uma mesa de expectativa, sabe-se lá de que cor e aspecto, prepara-se para ser o palco de um desfilar de sabores mágicos e estimulantes. O mapa posicional de tudo o que lá vai sendo colocado é traçado numa voz doce e experiente que nos orienta por todos os passos.
O paladar e o olfacto chegam-se à frente na importância da noite e assumem o papel de liderança na aventura do estímulo. Alguns sabores e cheiros foram descobertos, outros nem por isso. O desenho de sabores teve origem na criatividade da Paula Cascais (dona do restaurante e da ideia) e foi pensado para provocar emoções. Tudo se saboreia, tudo se arrisca e tudo se adivinha (pelo menos tenta). Enquanto o degustar se delicia, não há tempos mortos, silêncios nem trocas de olhar. As sensações estão à flor da pele e as partilhas também.
Muito obrigado à Ana Serôdio por nos ter acolhido tão bem naquele que é o seu mundo de todos os dias e que foi nosso por uma noite. A não perder por luz nenhuma!
Duas experiências extra: ir à casa de banho e tentar “roubar” comida do prato da frente sem ser apanhado e, sobretudo, sem derrubar os copos. Aqui fica uma foto do jantar…
P.S. – Como o que é bom merece ser divulgado esta emoção toda pode ser encontrada no Restaurante Bem-Me-Quer.
Algum interessado na leitura poderá adquirir um exemplar (bem como da agenda) aqui pelo mail do blog (envio à cobrança) ou directamente na Companhia do Eu, a verdadeira responsável pela concretização de todos estes sonhos.
Deste que s`assina,
Miguel Aragonez
(o “homem” da página 135)