Escritas do fundo do mar

03
Jul 09
Somos latinos. Fervemos no borbulhar da raiva o sangue quente que nos comanda a vida e somos notícia mundial. Seja pelo futebol, seja pela tourada, que andam de mãos dadas nos nossos acontecimentos diários e fazem as delícias dos nossos hábitos, o mediatismo é inquestionável. No desporto rei, os milhões de uns marcam golos na baliza da crise e deixam sobressair os factores verdadeiramente importantes:




Em termos de faenas, o país dos costumes que já não são assim tão brandos não esquece as suas tradições e enquanto as altas chefias fazem questão de o lembrar no parlamento, outros queixam-se dos coices e pontapés que os afastam da pátria amada. Troca-se a tourada por samba, que futebol há lá muito, e o resultado é quase o mesmo. A propósito, fica o que é verdadeiramente bom:





P.S. - Obrigado pelo empréstimo.
Bilhetado por Brunorix às 11:54

30
Jun 09
Quando a doçura do meu sono foi violentada pela chegada que se impunha, com o inegável e incontornável facto de que já eram horas de levantar, as salgadas notícias do rádio cheiravam a morte.

Os cinco destaques do sumário noticioso incluíam: a primeira morte de uma jovem em Espanha contaminada pelo vírus da gripe A (H1N1) – e vai um, a queda de um avião da companhia aérea Yemenia – mais 150 mortos, a explosão de dois vagões com GPL num comboio de mercadorias em Viareggio (Itália) – e vão mais 15, uma notícia qualquer sobre o benfica – e vão mais uns quantos e por fim a retirada das tropas americanas do Iraque.

Isto dá a tenebrosa quantia de 3 (ou 4) em 5 notícias, ou seja, qualquer coisa entre 150 a 200 mortos, o que para um acordar tem muito que se lhe diga. Sou eu que tenho andado desatento ou anda a morrer-se muito?!




24
Jun 09
Uma memória, sorridente, descia despreocupada a rua da consternação em direcção ao largo do destino, sem olhar paredes. Tinha o olhar fixo no fim da rua e era para lá que se dirigia. A certeza de quem era e de onde vinha, notava-se nas suas passadas convictas e na força dos seus pensamentos.

Lá em baixo, no largo, as suas irmãs esperavam ansiosas e com o peito a queimar saudade. A colecção de vida estava incompleta com a falta desta memória e o andar para a frente estava suspenso pelo abraço da sua chegada.

Vagabundeara muito por outras ruas, como a da amargura e a da saudade, mas sentia que tinha chegado a altura de conquistar o seu lugar na razão do sentido único. O depois pedia-lhe que assim fosse e o agora puxava-a para longe do que já não era. Deixara para trás roupas mal dormidas e muitas noites de frio e solidão. Sentia correr nas veias a temperatura da certeza.

Quando chegou ao fim da rua e as uniões se deram, sentiu um ligeiro arrepio de passado. Fechou os olhos e deixou que fosse levado pela brisa morna que por ali passava. Sorriu de presente e abriu os olhos para o futuro. O caminho iluminava-se à sua frente, deixando ver apenas a felicidade. A combinação de sentimentos que influíam de um modo inelutável na direcção do destino, brilhavam no chão da passagem.

Novamente parte do todo, seguiu. Nunca mais olhou para trás e quando precisava de o fazer, limitava-se a caminhar de costas mas mantendo sempre a direcção.




Viver, é coleccionar memórias em sonhos acordados.

Bilhetado por Brunorix às 13:15

23
Jun 09
Zero certo. Nunca antes pensado mas certo. Assim se fazia grande o que era pequeno em terras de diminuta certeza. Na verdade, as proeminências do desejo batiam asas de convicção causando ventos de mudança. Sem esperança.

Uma criança crescia no ambiente desconhecido da partilha, sem saber que da sua vivência se faria sapiência para o resto da matilha. Que maravilha. A inocência de acreditar, faz dos devotos incautos os mais descontraídos do futuro. Sem barulho.

Duas gotas de suor saíram de casa para ir trabalhar. Despediram-se na esquina do ombro e seguiram, cada uma, o seu caminho. A segurança do anoitecer certo, fazia sorrir a separação. Escorreram todo o dia em laboriosa vontade. Sem ansiedade.

Três folhas de um só tronco viviam na harmonia do mesmo sol. Banhavam o seu crescimento, ao esplendor aquecido da seiva irmã que lhes corria nas veias. Se uma murchava, as outras seguiam. O inverso era verdade também. Sem desdém.

Quatro atitudes jantavam na mesma cabeça: a dúvida, a verdade, a confiança e a partilha. Discutiam planos de futuro entre garfadas e gargalhadas. Brindavam inebriadas às memórias do que depois será, sem pensar sequer no que sempre seria. Sem apatia.

Cinco mangueiras regavam o mesmo quintal, numa fúria molhada pelo maior débito. Afogavam-se plantações, invejas, frutos e outras questões. Ninguém desligava torneiras e a inutilidade das acções repetia-se em litros de desperdício. Sem ofício.



Seis ideias de mãos dadas, caminhavam pela avenida das convicções armadas, em direcção ao fosso pequeno. Manifestavam intenções de esperança, em ilusão de adulta criança, e seguravam cartazes de indignação. Sem intenção.

Sete cores misturavam-se em palete de artista, sobre a tela da cidade, bem espalhadas e com vista. Perdiam identidade enquanto se misturavam pigmentos próprios, mas adquiriam luxúria libidinosa perante tal orgia pictórica. Sem retórica.

Oito raios, nenhum que os parta, eram cuspidos em cruzadas descargas por uma nuvem cinzenta de raciocínio. Apontavam intenções eléctricas aos inocentes funâmbulos que por baixo pensavam, em equilíbrio de corda falsa. Sem alça.

Nove, esfora nada, contas de um rosário ateu, rezavam em uníssona descrença para a salvação das suas almas. Acabaram afogadas em comédia, depois de dizimadas as verdadeiras razões da partilha de sua fé. Salvaram-se as desalmadas e as menos crentes Limpinho. Sem dentes.

Dez dedos de duas mãos, escreviam contagens insipientes, sorrindo entre dentes. Ao mesmo tempo, dez dedos de dez pares de pés, tamborilavam o chão frio, num total de cento e dez, esperando pacientemente a contagem que não mais se viu. Sem pariu.

Sobra o que sobrar…


Bilhetado por Brunorix às 16:45

02
Jun 09
O Gladíolo Verde de imaturidade cresceu na rua da esperança, dois palmos abaixo do original caule do Gladíolo Vermelho de raiva e adulto de convicções. Cresceu curvo de intenção e sempre teve dores nas costas da alegria, que fugia.



Andou na escola do tempo e chumbou opções, enquanto passava concomitâncias. Apenas o suficiente. Nada de esforço porque a apanha do sol doía nas intenções. Travou-se de razões com a obrigatoriedade e tatuou nas folhas da vida a marca da ignorância, ou seria apenas criança?

Julgou a rigidez plantada e regou orgulho para o caminho, só mais um bocadinho. Água a mais. E agora, onde vais?! Afundou de novo a raiz, afinal já não era petiz, e fincou convicções no destino. Mudou de vaso. Seria para tanto o caso? Foi.

A distância do orgulho não é circunstância, é implicância. Viradas as costas, e os vasos, não há sol que apanhe os dois lados. Quando o Gladíolo Vermelho se sola o Verde insula. Depois trocam. E mensagens também.



O Gladíolo – que já não é assim tão – Verde, está a mudar de cor e a perder a dor. Avermelham-se as batidas do futuro, mas ainda não cresce nenhum verde mais abaixo. Por enquanto. Pasme-se o espanto.

Jorram-se decisões em espadana loucura. Que ternura.

Bilhetado por Brunorix às 13:31

03
Mai 09
Sentado na espera do nada, esperei que o destino chegasse diferente. Sabia de cor o salteado do que sempre foi, mas uma esperança sempre se rega. Pode ser que cresça.

Não cresceu.

Esperancei dias de sol entre neblinas e nevoeiros matinais, os tais. Soprei as nuvens da cinzenta razão e provei o algodão doce em deglutir salgado. Abri as janelas do tempo para deixar passar a luz. Pode ser que ilumine.

Não iluminou.

Subi escadas de passado e espreitei portas de futuro com a convicção do presente. Apertei mãos de conveniência e dei palmadinhas nas costas da ilusão. Pode ser que sinta.

Não sentiu.




Levantado na madrugada do ontem, sinto cansaço no corpo de amanhã. Tenho dores nas articulações da alma e não consigo correr no caminho da esperança. Gritei na mensagem do interior. Pode ser que ouça.

Não ouviu.

Revelei cartas de angústia em envelopes de revolta. A letra de tinta permanentemente marcada em papel crivado, escorria sangue de intenção. Pode ser que leia.

Não leu.

Saltei barreiras de silêncio em metros revelados. Comemorei datas de imposição em vitória de consumo sem sentimento ganho. Conquistei (im)posições em maratona desconhecida. Pode ser que saiba.

Não sabia.

Sentado de tanto esperar, nadei nas palavras vividas e mergulhei por baixo dos sentidos. Em dia de linhas oferecidas conjugo verbos de vergonha em textos de ansiedade. Pode ser que escreva.

Já escrevi.



29
Abr 09

Perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem. E o tempo respondeu ao tempo que eu não tenho tempo nem para escrever, nem para falar a ninguém.

Falta-me em tempo o que me sobra em vontade.


Bilhetado por Brunorix às 16:54

16
Abr 09
O pensar de cada um colide nas protecções frontais do pensar de cada outro. O choque de feitios provoca mortos na estrada e feridos nas quadras festivas. Na hora de contabilizar perdas, lambem-se feridas de orgulho.



Seguia o veículo A carregado de folares de bandeira branca e ovos de um chocolate amargo de tanto tentar, no sentido S-N (Sacrifício – Naupático). O veículo B, em sentido contrário, transportava embrulhos de natal passado com laços de frete vermelho. Cada um ostentava as suas cores e defendia a sua bandeira com o orgulho da casa que defendiam. Rolavam estrada fora em pose de duelo medieval, empunhando cada um a sua lança de convicção na certeza de derrubar qualquer cavaleiro de convicções opostas que se cruzasse no seu caminho.

Estavam preparados para tudo e para se cruzarem com qualquer um, excepto para se cruzarem um com o outro. Como em qualquer história em que se pretende provar algum ponto de vista a inevitabilidade do encontro adivinhava-se. Seguiam as duas embaixadas inchadas de razão e a passo de confiança, sem saber que na curva seguinte, esquerda para quem subia direita para os inversos, se daria o fatídico choque de titãs.

A e B tinham já contacto visual. Enquanto uma mão se crispa no volante e o pé carrega desenfreado no acelerador, a outra abraça com força redobrada a lança da convicção própria. Dá-se (a quem quiser) o choque. Estrondo ensurdecedor. Seguido de silêncio sepulcral. As populações de admiração local acercam-se dos acidentados, enquanto esperam as autoridades do ajuizamento. A sensação geral é de uma atónita loucura. O que será que queriam provar?



Nos escombros misturava-se o cheiro doce dos chocolates e folares, pintalgado de embrulhos e laços, com o agre da morte certa. As lanças partidas jaziam ao lado das respectivas quadras festivas, enquanto o sangue da estupidez humana escorria dos peitos abertos de orgulho em golfadas de arrependimento.

Para a história ficou o engrossar trágico das estatísticas de acidentes familiares, dos mal-entendidos e das relações mortas. Perderam-se, para sempre, as convicções pessoais e a certeza egoisticamente individual da posse da verdade e da razão. Como em qualquer morte, a certeza que ficou foi a de que aquele encontro não voltará a respirar nunca.
Bilhetado por Brunorix às 13:44

24
Mar 09
Pede palavras de consolo e eu não tenho para escrever. Pede imaginação para as frases e eu não tenho para ditar. Pede memórias escritas e só me lembro do futuro. Pede risos de vida quando me apetece é chorar. Pede pensamentos tristes e desato-me a rir (talvez esteja atado de pensamentos). Pede assuntos sérios e digo parvoíces. Pede ternura e mancho-a de azedo. Pede agressividade e pinto-lhe flores.

Perante a candura dos pedidos, rogo pragas à parcimónia criativa da minha alma e corro pelas escadas do tempo em busca de letras. Abro e fecho portas com diversos temas, escondo problemas e destapo alegrias. A seguir construo janelas, abertas. Deixo respirar a vontade, e a verdade… mas a folha continua branca.



Dou-lhe três voltas no sentido da fantasia e sento-me no devaneio da procura. Que loucura. A necessidade da escrita torna angustiante o bater do tempo. O metrónomo da monção alvitra questões de paz podre em igreja de serventia. Quem diria.

A inocência de ser apenas branca, embora folha, faz-me rir de malvadez criativa, mas aterroriza-me a caneta da acção e nada me apetece. Acontece. Sinto passar as convicções em bandejas de apatia. Provo uma.

Seca-se-me a tinta da criação perante imaculada folha. Olho para ela mais uma vez, e sem saber o que fazer… faço apenas isso mesmo. Preencho-a.

E a mim também.

Bilhetado por Brunorix às 18:20

23
Mar 09
De novo, grito as entranhas da revolta mergulhado em sabor amargo de injustiça. As lassidões circunstanciais de delito infligido, cravam na carne da desonra setas de inverdades descontextualizadas de razão.

Aguentar faz parte do jogo, seguir em frente também. Mas perante a impotência da demonstração, fica a certeza de sabermos no interior o que está bem, o que é justo. Curto? Depende da dimensão do consolo.



Percorrer os campos da vergonha, agarrado ao vento do descontentamento, gritando a peito aberto contra a sacanice do próximo, acalma por momentos a revolta. Mas ela volta, e pudemos contar sempre com mais facadas de onde não esperamos. Entranhamos?

Como em todas as histórias sem final, cada capítulo ajuda a esquecer o anterior. A desilusão passa em cada frase e vai-se escondendo do pensamento. No entanto, e a qualquer momento, folheiam-se alguns passados ultrapassados – ou não – para lembrar que em qualquer orquestra há instrumentos desafinados.


P.S. – Dedicado à desigualdade e às chefias idiotas, aos árbitros que roubam e a outras cotas.



Se sofreu uma injustiça, console-se; a verdadeira infelicidade é cometê-la.

Demócrito

Demócrito de Abdera
(460-370 a.C.)


20
Mar 09
Puxou o casaco para os ombros. Estava frio na sua alma e a pele começava a ficar arrepiada de desânimo. Deu mais uns passos em direcção a sabe-se lá onde e não conseguiu aquecer. Sentia que falhava a sua missão e toda a razão de existir não parecia fazer qualquer sentido.

Percorreu ruas perdidas sem mapa de vontade e deixou-se embalar nas lágrimas do desespero. As forças escorriam pela sua determinação abaixo, a respiração prendia em cada passagem e o pensamento desfazia-se em flocos de angústia. Sentou-se. Era o último reduto da sua condição. A última réstia de energia esvaía-se entre os dedos do destino e desaparecia nas ondas da inevitabilidade.

Encolhida no frio da desistência começou a desaparecer nos escombros da estagnação enquanto o relógio temporal se recusava a parar para dar uma ajuda. O mundo passava e ignorava aquela presença, com a indiferença de quem não quer saber. A vergonha instalara-se nas circunstâncias e não permitia sequer um olhar.




Duas ruas mais abaixo, um raio de sol espreitava à esquina da oportunidade. O dia começava a nascer e sentia fluir no seu todo a energia da esperança e a liberdade da vida. Timidamente percorreu as ruas, trocando o cinzento e o frio da noite pela luz quente da convicção. Era um raio jovem e ainda não tinha muita experiência.

De olhos cada vez mais atentos às agruras da vida, reparou num aglomerado de tristeza tolhido a um canto. Aproximou-se com a cautela da inexperiência e começou a levantar questões, a escavar problemas e a destapar amarguras. Sentiu-se crescer no que tinha que ser e tornou-se adulto na intervenção.

Debaixo de todo aquele frio de existir, estava a maior e mais encolhida angústia que alguma vez vira. Ajudado pelo dia mais velho estendeu a mão e tocou-lhe de esperança. Não houve reacção. Tocou mais uma vez e nada. Decidiu abraçar aquele desamparo com toda a força da sua juventude luminosa. Alguns aquecimentos depois, sentiu movimento.

Sorriu na confiança do objectivo e forçou-a a levantar-se da desistência. Um cheiro intenso a tristeza caiu no chão e desapareceu entre as pedras de outrora. Abraçou-a novamente, ainda com mais esperança e deixou que renascesse de júbilo. O dia ocupava já todas as ruas e as últimas tristezas escondiam-se no passado.

Aquela estrela apagada iluminava-se de novo e com o agradecimento no olhar deitou fora o casaco e deixou sorrir a alegria do vento nos seus ombros. Partiu para o destino perdido e nunca mais deixou de brilhar.




P.S. – Vai sempre haver um amanhã!

16
Mar 09
Inchados os peitos que caminharam por belgas ruas de chocolate alado, na senda de outros sabores e odores e outras dores. Ruas cinzentas de um frio, a espaços, bonito deixaram parcas memórias, mas trouxeram algumas histórias. O cruzamento com uma Bintje Pave de Boeuf



deixou recheio de contentamento em chuva de sabor. O já molhado cabelo, suspirava pelo chapéu esquecido, diria até não trazido, em ruas de tom também chocolate. Uma espécie de African Town na capital da Europa sugeria mudanças capilares com metros e quilos de cabelo vendido ao preço de uma qualquer uve mijone (conhecidíssimo provérbio belga), em porta sim porta sim rua fora.



O Museu trabalhado e no qual se passaram dois dias de simpática troca de realidades, antagonizava da imagem o partido sanitário (não, não é um partido politico belga) em honra da história, a natural.



Já no interior, um compenetrado funcionário estabelecia a ponte tecnológica entre uma PSP (Play Station Portable) e os esqueletos fossilizados mesmo atrás dele, com mais de 130 milhões de anos. Concerteza jogava Dino Crisis na tentativa de melhorar a sua performance em caso de revolta de algum dos enjaulados.

Bilhetado por Brunorix às 17:39

Se o gajo que nos apalpa no aeroporto, para evitar que façamos pirataria do ar por causa de uma moeda no bolso, com a cara a 5 cm da nossa diz qual é o perfume que estamos a usar, isso é impulso? Ou os seguranças Belgas são apenas simpáticos?




Se aquelas empregadas de restauração com curso de primeiros socorros, e bem vestidas, que servem aquelas pseudo-refeições a grandes altitudes, mudam a nossa mala de posição várias vezes, e falam constantemente do nosso delicioso saco de chocolates belgas e à saída ainda perguntam se estão todos, isso é impulso? Ou eles também só comem o que nos dão e têm fome?




Bilhetado por Brunorix às 13:59

12
Mar 09
A dúvida perguntou ao medo se afinal sempre iam. O medo disse que sim, mas desde que avisassem o destino para não haver enganos. O destino depois de avisado, encolheu os ombros e percebeu que não havia nada a fazer, mas pelo sim pelo não telefonou à consciência. Esta não pode atender porque estava numa reunião. Mandou sms a dizer que ligava mais tarde. Como não dava para esperar o destino fechou os olhos, esperou, e… não aconteceu nada!



Bilhetado por Brunorix às 19:11

10
Mar 09
Era, e foi, uma vez, uma Relação que nasceu ralação. Não tinha sido escolhida, mas imposta pelas circunstâncias da vida. Era de descendência. Nutrida de estranhas formas de manifestação, foi crescendo nas agruras de cada virar de esquina sempre com muito poucas rectas.

De mãos dadas com a relação andava sempre o Orgulho. Imponente e autoritário fazia da indiferença diária a batuta regente. Era convincente. Abafava a Injustiça, uma prima afastada – por imposição -, com uma facilidade tremenda. Brandia argumentos de adulta sabedoria sem olhar a meios, nem receios.




Acabaram por se juntar de vez. A Relação e o Orgulho. Assim viveram por anos fora, cá dentro, no acomodar de um sono acordado. Nunca se contestaram de razões, mas também nunca se amaram com paixão, apenas se esfregavam mecanicamente.

Foram esgotando a vivência pelo desgaste. Pisaram respeito e cuspiram amargura, sem ternura, sem efeito.

Divorciaram-se, porque a Relação estabilizou por crescimento das partes não sendo hoje o que era. Limita-se agora, às banalidades do depois sem grande esperança de mudança. No entanto, o Orgulho continua presente.

Porquê?!

Bilhetado por Brunorix às 17:40

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