A Dona Caneta, sempre fogosa, saltava-lhe a tampa de contentamento quando avistava o seu bem amado. Despida da cintura para cima deslizava a sua roliça vontade nos imaculados braços do seu amante. Atrás de si um rasto de marcadas palavras, deixava testemunhado no tempo a paixão gráfica que os unia.
Dom Papel, aparentemente passivo, fazia da sua grandiosidade e possibilidade de tudo permitir, o leito da terna tranquilidade. A fertilidade da sua orientação guiava a sua amada na direcção do florir intentos de criação.
Os seus libertinos encontros tornavam inspiradas as mais infelizes linhas de pensamento escrito, debruando a ouro literário as capas de intenção. Do amor destes Dons, nasceram contos e romances, ensaios e outros catraios, em palavras de amor permanente. Desde que a tinta tem pinta e que o papel sabe a mel, esta relação tem sido verdadeira e conhecida. Se há amor universal e fiel, é este que une Dona Caneta e Dom Papel.
A história das palavras e da arte de deixar escrito, assenta a sua herança e as suas raízes, neste singelo destino de dois amantes que nasceram para se encontrarem e deixarem marcados nas linhas do tempo os traços da sua paixão.
A eles, ergo a minha taça de orgulho escrito e concretizo o seu amor pela minha mão de escrevedor.