Escritas do fundo do mar

25
Mar 10

Ainda os mais religiosos enrolam e desenrolam terços assassinos e já os aromas de África em chávena de emoção quente, nos sobem pelas narinas da leitura. Se ao sétimo dia tudo ou nada acontece, ao sétimo conto mudamos o rumo da curiosidade. A ciclista que se segue é a Ana Prado com a Flor de Café.

 

Calma… não se atropelem que só temos um teclado mas há espaço para todos deixarem a sua opinião. O ritmo louco deste Clube deixa alguns sem pedalada para estas bicicletas. É tudo uma questão de treino!

 

 

 

 


24
Mar 10

Amigos, ou não,

 

A amizade perde o valor que se pensa que tem a cada passo de surpresa. Nos verdadeiros momentos é que revelamos o âmago da nossa existência. Salve-se quem puder?! Pode ser, mas avisem. Os abraços de esforço que demos ao longo do caminho esfumam-se na primeira revelação. As fotos da verdade ficam na memória. Passou à história. Passou mas são páginas de um álbum que fica na prateleira.

 

O jardim em que cresceu o nosso entendimento murchou algumas circunstâncias e carece de água da vida. A pele seca ao sol da vergonha e estalou na ocasião. Agora só com cremes de consolo e banhos de partilha. A descontracção da queda do próximo é o assobio para o ar que não esperava ouvir. Gravei a música.

 

As cores da nossa viagem perderam o brilho das paletes de outrora. Continuaremos a pintar questões e ideias. Só as telas é que não são da mesma confiança.

 

O abraço de sempre (com amizade mais clara),

M. Logrado


 

 


23
Mar 10

Mãos de zelo aconchegam pêlo e amaciam a dor. A disparidade da dimensão tira pensamento e acrescenta preocupação. Ou então não. O desprotegido sentimento que nos forra a alma, cabe na palma da mão e brilha no fundo de um olhar que transpira apenas o que é. Não há amarras, nem ideias. Apenas o viver que se faz de um simples respirar, de uma existência breve mas verdadeira.

 

 

Bilhetado por Brunorix às 17:11

Fim-de-semana de grandes dimensões encheu os olhos de magnificas esculturas da imaginação. Mais do que uma moldadora de materiais Joana Vasconcelos é uma materializadora de ideias brilhantes. A utilidade dos objectos transfigura-se nas suas mãos enquanto os espaços se conceptualizam em linguagens multidisciplinares. Voar é divertido nas asas do sonho, desta artista. Muito bom. O jogo do fantástico e do chocante andam de mãos dadas nesta exposição.

 

 

No dia seguinte, no mesmo sítio, o que já passou nunca deixará de passar. O dia mundial da poesia foi de leituras sentidas e lágrimas sentadas. Os laços da família amaram os laços da palavra e o momento nasceu. Comoveu. Viva os verdadeiros poetas! Os poetas da palavra e do sentimento. Dedicatórias e outras vitórias também se fizeram ouvir. Bonito.

 

Bilhetado por Brunorix às 17:04

19
Mar 10

Já passou uma semana. As dores de cabeça são permanentes e os ouvidos incham de cansaço. Mesmo quando pára parece que ainda continua. É localizado mas está a toda a volta: vem de cima, vem de baixo, vem dos lados.

 

Ao fim do dia vai dentro do pensamento e só se desliga ao adormecer. De manhã recomeça. E vão ser 15 dias assim…

 

Bilhetado por Brunorix às 16:01

12
Mar 10

Estavam fisgados desde Abril de 2009. E não é que decidiram passar por cá?! Não contente com uma dei duas. Mentira! Na verdade dei uma e recebi outra. Seja como for depois de os ter visto a semana passada, irei ver amanhã outra vez! Demais?! Nah…

 

 

Embora adore instrumentos e admire muito a capacidade de os dominar, confesso que a música a cappella preenche as minhas fantasias de ouvinte em formato de orgasmos musicais. Que prazer se apodera de mim quando estes sons me entram pelos ouvidos!

 

 

Se os quiserem conhecer é só clicar na imagem.

 

 

Bilhetado por Brunorix às 18:53

Quem é mais amigo de um irmão do que seu irmão?

 

Salústio

 

 

 Caio Salústio Crispo

(86-34 a.C.)

 

Bilhetado por Brunorix às 16:08
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11
Mar 10

 Recebido:

 

1 - Uma alface assassina um homem.

2 - Causar efeito de perdão no leitor.

3 - 15 Minutos (revisto).

 

 

Devolvido:

 

Querida Alfácia,

 

É verdade. Tudo o que tens ouvido sobre mim é verdade. Fui eu que o matei e se fosse hoje voltava a matar.

 

Eu não podia ficar plantado à espera que as autoridades fizessem o que lhes compete. Sabes bem como é a justiça na nossa Quinta. A maneira bárbara com que ele te pisou as folhas, as dentadas nojentas que deu no Alfacinho e na Alfacinha. Eu não podia meu amor, percebes? Os nossos filhos morreram no prato enquanto nós sangrávamos na saladeira! Ainda hoje mexo mal o caule esquerdo. E tu minha Alfácia? Cheia de manchas castanhas e a cheirar mal enquanto as lágrimas de mãe te corriam pelas folhas do desgosto… foi demais para mim.

 

Ainda hoje penso que foi a mão de Deus que atirou aqueles dois garfos na direcção da testa dele, porque eu sinceramente não sei onde fui buscar forças para o fazer. Tenho recebido cartas de todos os legumes da Quinta a felicitar-me pela coragem e por nos ter libertado daquele malvado. Parece que a paz reina agora por aí.

 

Espero que compreendas minha Alfácia. Eu tinha que cumprir o meu papel de pai e de marido. É a última vez que te escrevo, pois estou na bancada da morte. Fui condenado à cozedura por panela de pressão. O meu corpo vai-se desfazer na água a ferver e passarei a ser um qualquer puré verde. No entanto, não me arrependo! Faria tudo de novo.

 

O Padre saiu daqui agora mesmo e até a última refeição dispensei. O meu último e único desejo é saber que me compreendes e que me perdoas.

 

Com todo o amor,

Alfácio

 

 

Bilhetado por Brunorix às 13:42

 

Se estás a ouvir, escuta a nossa vontade e vem cantar a mesma canção. Os acordes que sentimos são os teus e as melodias que nos palpitam são as mesmas. A vibração das emoções também seca as nossas cordas vocais.

 

Se estás a olhar, vê o nosso desejo e abraça a nossa ansiedade. Não te assustes com as mudanças porque o sentimento é genuíno e o querer tudo vence. Ansiar é o momento exacto que precede o passo no abismo. Juntos, levitaremos pelo vale.

 

Se estás a tocar, sente o tacto das nossas palavras e conjuga os nossos verbos. Somos todos peões no xadrez dos acontecimentos e o jogo do destino não é comandado por nós. As frases da nossa esperança estão escritas em todas as pedras, pretas e brancas. Se quisermos, o xeque-mate está no fim das nossas vidas.

 

Se estás a cheirar, deixa-te levar pelo olfacto da alegria e acredita na razão. Os braços dados com vontade edificam relações de futuro em andaimes de confiança. Os ventos que nos envolvem cheiram à brisa quente da tranquilidade.

 

Se estás a saborear, aproveita o doce do momento e trinca o amargo do passado. Deixa que o paladar da ternura te envolva as emoções e degusta sem rejeição os novos sabores.

 

Se estás aí… deixa que os sentidos façam sentido.

 

 

 

Bilhetado por Brunorix às 13:14

10
Mar 10

Enquanto os trajes ainda se arrumam nas gavetas nossa memória a pedalada continua em tons de capítulo seis. Com a falsa modéstia que caracteriza este porteiro do vosso Clube, chegou a vez de me abrir a porta e deixar entrar um outro eu que me habita na alma. O autor que me sigo vem daqui mesmo e pomposamente (e com a mania da grandezas) inventou um nom de plume. Senhoras e senhores: Miguel Aragonez e o Homem de Deus.

 

Compreenderei a falta de vontade em opinar tão paupérrimo conto, mas não se esqueçam que sei onde moram e que perseguirei os membros do Clube um por um sem excepção (o que me deve demorar uns 5 minutos) se cometerem a OUSADIA de não se manifestarem! Isto sem qualquer tipo de pressão sobre a liberdade e os direitos de cada um. No entanto, já sabem que… e eu sei onde… e não se atrevam… e etc…

   

 


09
Mar 10

Caros visitantes, leitores, seguidores, admiradores (ou não), bloguistas, amigos e familiares: ao quingentésimo post o Bilhete de Ida vem de armas, bagagens e outras postagens para esta casa. A vida está boa é para mudanças e todas as lufadas de ar são frescas.

 

A grande alegria que nos invade pela meta alcançada vai ser coroada com um ambiente novo e uma morada diferente. A partir de agora encontramo-nos aqui. Apareçam!

  

 

Bilhetado por Brunorix às 17:40

Se um dia o sol falasse iria dizer tudo o que eu estou a sentir. Cada raio que dele saísse seria um pensamento meu em direcção a ti. Durante muitos anos as nuvens impediram que a luz aí chegasse.

 

Mas hoje... hoje o vento da vida limpou o céu e o sol falou.


Se um dia as árvores voassem migrariam do meu sonho para o teu. Abririam as asas do desejo batendo os ramos de ansiedade e voariam no vale do destino. Durante muitos anos as raízes não as deixaram planar no sentimento.

 

Mas hoje... hoje as amarras do tempo soltaram-se e as árvores voaram.


Se um dia as palavras mergulhassem iriam ao azul mais profundo só para escrever o teu nome. Cada movimento na doce levitação do mar seria um pairar de vontades e sentimentos. Durante muitos anos os oceanos estiveram secos de revolta.

 

Mas hoje... hoje os peixes abraçaram-se de alegria e as palavras mergulharam.


Se um dia os sentimentos dessem as mãos uniriam todos os adormeceres num único acordar. Saltariam barreiras de confiança apertando com força os dedos da partilha. Durante muitos anos as luvas do destino deixaram as mãos em bolsos diferentes.

 

Mas hoje... hoje as veias palpitaram de emoção e os sentimentos deram as mãos.


Se um dia a vontade nos juntasse à volta de uma mesa e a seis olhos planeássemos o futuro de boca seca, as páginas seguintes seriam de mudança. Daríamos flores de esperança em papel de assunto pardo. Durante muitos anos o jardim que nos une não foi regado.

 

Mas hoje... hoje as nossas vidas foram regadas e a vontade juntou-nos.

 

 

Hoje, foi o melhor ontem com que alguma vez o meu amanhã conseguiu sonhar!

 

 

P.S. - Para ti, por todo o tempo que tivemos de esperar para que este dia fosse hoje.

Bilhetado por Brunorix às 01:51

04
Mar 10

Uma mão e três pés
          Davam andamento ao caminho.
Uma mão e três pés
          Deixavam escrever o livro sozinho.
Uma mão e três pés
          Apertavam abraços de revolta.
Uma mão e três pés
          Faziam da escrita a ida e a volta.


Um pé e três mãos
          Vestiam laços sem aperto.
Um pé e três mãos
          Calçavam sapatos sem conserto.
Um pé e três mãos
          Desciam ruas de humor inclinado.
Um pé e três mãos
          Davam os dedos lado a lado.


Um pé, uma mão, três mãos e três pés
Escreveram um poema de seis braços que não tinha pernas…


Bilhetado por Brunorix às 12:44

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