Escritas do fundo do mar

17
Jul 09
Um Conto sem ponto e um Verso perverso encontraram-se na esquina de um livro.

Perguntava o Conto pela vida do Verso, mas como não tinha ponto, nem sequer entoava questão. O outro que era torto e ainda por cima perverso, nem tentava perceber nem ajudava de antemão.

Dobradas, a contenda e a esquina seguiram na cavaqueira da vida. Sempre com frases não terminadas, outras ideias maltratadas e uma estrada mais curta que comprida. Amigaram-se do conhecimento e abraçaram as palpitações da discórdia. Sempre na paródia.



Rábulas feitas entre ruas mais estreitas, saltaram capítulos de concordância, com notas de menor importância. Assuntos lá de baixo, assim do pé da página que o importante está mais à mão e no resto nem me encaixo. Mas também não digo que não.

Chegaram depois à partida desenhando argumento perverso, sem verso e encheram de pontos todos os contos que encontraram no bem dito regresso. Sentados na mesma esquina primeira, combinaram que aquele livro à maneira seria para todos o inverso.

O mesmo será dizer, que o conto que se está a ler, leva ponto e leva verso mas não é de todo perverso.

É apenas fraquinho, tadinho…

Bilhetado por Brunorix às 18:43

Saía pela janela da Mãe
Entrava pela porta do Pai

Saltava da algibeira do Pai
Escondia-se na mala da Mãe

Deixava a obrigação da Mãe
Escolhia a imposição do Pai

Despia o verde do Pai
Vestia o azul da Mãe

Estudava a facilidade na Mãe
Decorava uma fraqueza no Pai

Fugia da vida do Pai
Fugia da vida da Mãe

Era um Pim-Pais-Pum



Procurava o aconchego da Mãe
Chorava no ombro do Pai

Abraçava a distância do Pai
Escrevia a imagem da Mãe

Absorvia as entrelinhas da Mãe
Decorava os cabeçalhos do Pai

Os pais fugiam-lhe da vida
A vida fugia-lhe dos pais

Era um Pim-Pais-Pum



Para F e M, os miúdos do momento.
Bilhetado por Brunorix às 17:36

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