Perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem. E o tempo respondeu ao tempo que eu não tenho tempo nem para escrever, nem para falar a ninguém.
Falta-me em tempo o que me sobra em vontade.
Perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem. E o tempo respondeu ao tempo que eu não tenho tempo nem para escrever, nem para falar a ninguém.
Falta-me em tempo o que me sobra em vontade.
Ernesto Guevara de la Serna
(1928-1967)
A aldeia onde vivia só tinha população velha e provavelmente a maior parte deles nem conseguiam ver ou ouvir bem a sua família. O acontecimento mais marcante da sua vida, deu-se precisamente com a mudança de um jovem casal e da sua filha, lá para a aldeia. O impregnado ar feminino que passou a respirar mudou-lhe mais que a sensibilidade nasal.
O mundo que conhecia foi-se transformando aos poucos, ao ponto de aos 20 anos abandonar a aldeia para ir viver para a cidade. Queria ser realizador. O facto de sofrer de crise de identidade ajudava muito na criação de personagens para os seus filmes. Adorava viver cada uma delas, e confundia na sua cabeça a nitidez da ténue linha entre o que era ele e o que era cada personagem. Por isso se especializou em filmes sobre sonhos que nunca contam a verdade.
Actualmente vive numa penthouse de um enorme prédio na cidade. Sempre que não está em filmagens sai para a rua com o seu inseparável fotómetro e a sua velha Polaroid, em busca do filme seguinte.