Tudo parecia correr sobre carris. As vontades deslizavam no mesmo sentido e o jogo continuava. Ela abriu mais um botão da camisa e deixou antever uns voluptuosos seios, cercados por uma renda preta que insistia em espreitar. Ele agradeceu o vislumbre com um sorriso lascivo. O volume nas suas calças aumentou. Levantou-se para que ela o visse.
Uma passagem de revisor mais à frente, e ela vem na sua direcção com uma determinação sensual. O botão estava de novo apertado, mas o desejo dos seus seios não se conseguia disfarçar. Dois eróticos e excitados mamilos pareciam querer romper a camisa que os sufocava. O mundo olhava para eles, mas eles só olhavam um para o outro. Ao passar por ele, sussurrou:
- Daqui a 5 minutos no WC da esquerda. Duas pancadas, pausa, três pancadas.
Uma bola de fogo lúbrico percorreu o seu corpo em excitação antecipada. Esperou ansiosamente que passassem aqueles que foram, sem dúvida, os maiores e mais demorados 5 minutos da sua vida. Finalmente passados, dirigiu-se à porta indicada. Bateu duas vezes, esperou, bateu três vezes. A porta abriu e fechou num pasmar de olhos.
Lá dentro, os olhos reencontraram-se. Os risos reconheceram-se e os cheiros conheceram-se. As bocas juntaram-se sem palavras. As respectivas excitações ainda lá estavam. O espaço era lascivamente pequeno e o afastamento era felizmente impensável. Entre os corpos só cabia o calor da roupa a mais e as peles ansiosas de contacto, gritavam por liberdade. Concedida. Na medida do impossível, desapertou-se o que havia para desapertar.
Ela sentou-se no tampo da pequena sanita e entregou-se à descoberta do volume antes visto e imediatamente abocanhado. Um gemido contido dele, ecoou no pequeno cubículo. Sentiu a língua dela na sua intimidade oferecida e agradeceu mentalmente aquela viagem. Decidiu agradecer mais que isso e trocaram de posição.
Agora ela de pé. Num gesto quase maternal afagou a cabeça cuja boca já lambia com volúpia os seios que se confirmavam fartos. Continuou a descida exploratória e por baixo de um ventre perfumado arrancaram-se cuecas à dentada. Ela sentiu-se a escorrer por dentro, enquanto outros lábios se juntavam aos outros seus lambendo todo o seu desejo húmido.
Sem aguentar mais, ela sentou-se na explosiva erecção que aguardava impaciente o seu interior. Desta vez o gemido foi duplo. O balançar da carruagem aumentou o prazer. Lá fora ouviu-se o anunciar indiferente da estação seguinte.
- É a minha. Gemeu ele.
- A minha também. Suspirou ela.
Aceleraram o êxtase na loucura do tempo final e rebentaram em conjunto, mordendo-se de prazer mútuo. Em vez de números de telefone, trocaram orgasmos. Sensações vividas à pressa e vestiram-se no sorriso do cansaço acabado de chegar ao destino.
Lá fora, na plataforma os respectivos compromissos esperavam, por coincidência muito próximos. Beijos e abraços depois, anuncia-se em voz alta o sucesso da viagem e a necessidade de a repetir na semana seguinte.
Negócios da vida pendular!
* - Alfa Pendular, 06 de Fevereiro de 2009 (Aveiro – Lisboa).