Escritas do fundo do mar

13
Jan 09
São duas palavras facilmente associadas a lágrimas de 7ª arte, em canto de olho triste após um qualquer drama ou romance. São também associadas a ciclos que terminam, a portas que se fecham, a chamas que se apagam, a relações que se cortam, a objectivos que se alcançam, a tudo o que tem manhã, tarde e noite.

Hoje foi noite todo o dia...

... porque foi (re)semeado o fruto mais Avô do pomar, que não sendo meu podia ter sido, e que ocupava o topo de uma árvore de laços de fruta, originando o subir de um degrau genealógico na escada familiar. Deixou um legado de memórias e partilhas, escrito em tom de abraço de certeza e de continuação de caminho, expresso em testamento de vontade. A união dos outros frutos solidificou-se e exterminou bicho e ervas daninhas, numa sucessão natural de frutos pais e filhos, frutos tios e sobrinhos, frutos netos e bisnetos, frutos enteados, frutos primos e frutos convidados. A passarada de circunstância assistia na ânsia...


O pomar hoje ficou mais cinzento, é verdade, mas vai recuperar a cor amanhã quando os novos frutos subirem ao pódio da liderança e a passarada fugir para outras semeadas. O vazio criado pelo mistério da incompreensão e da agonia da repetição de rituais desgastantes, será preenchido pelo olhar em frente. O caminho a seguir está traçado e garantido.

Quando mais não resta se não pensar, move-se a caneta da partilha em escrita de embalar. Levantam-se as questões e cantam-se, dobram-se as memórias e guardam-se, enxugam-se as lágrimas e bebem-se, homenageiam-se as frases e escrevem-se:

Isto não é vida, mas a vida também é isto!

M.V.M
(1922-2009)




Guardarei na memória a sabedoria, no olhar o sorriso, no ouvido o conselho e no coração a certeza do respeito. Foi um prazer ter regado homenagem neste pomar!

THE END

Bilhetado por Brunorix às 19:29

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