Escritas do fundo do mar

20
Nov 08
Da semana:

6 meses sem democracia, até se meter tudo na ordem!
Manuela Ferreira Leite (Momentos antes de se suicidar politicamente)


Do mês:

Há que ver a positividade no negativo da situação!
Carlos Queiroz (Depois de entrar para a história nacional por encaixar 6 sambas no repertório da selecção)


Do ano:

Estou cada vez mais alto e espadalofo!
Brunorix (Todos os dias ao olhar para baixo)


Bilhetado por Brunorix às 23:51

19
Nov 08
Durante um mês na albergaria da Albergaria, temos duas inquilinas novas. Enquanto a saudade está do outro lado do mundo (literalmente e no sentido mais antípoda da questão), por aqui dá-se tecto e afecto.

Mãe e filha fazem da brincadeira partilha, numa amálgama de confusão e divertimento. Mas tudo a consentimento! Que não se preocupem os depositantes, que estes tempos passarão que nem instantes e os carinhos serão constantes.

Para que se confirme a declaração, aqui fica a prova da verdade (com a qualidade possível) numa tranquilidade distante e para conforto do viajante!






Depois deste bailado atapetado em notas de jazz, fica a certeza que o acolhimento é sorridente, como é por demais evidente, e que a partilha de brincadeira é verdadeira. Que se façam boas as viagens e que se volte a estas paragens, com o descanso da procura assente no lugar. As inquilinas estão bem e recomendam-se!


(*) – Guarida especialmente dada a gatos!
Bilhetado por Brunorix às 10:45

18
Nov 08
- Sinto-me burro, por isso deixei crescer a barba.
- Pelo menos é macia… parece feno!
- Pois. Feno, barba e tal…



Bilhetado por Brunorix às 18:34

17
Nov 08
Animada troca de comentários largou do porto de uma primeira parte, rumando em mar calmo de opinião. Navegamos em direcção à continuação, na senda de agitar um pouco as águas da discórdia!

Depois da tareia psicológica (e da outra) infligida no leitor e no narrador no final da primeira parte, atingimos um capítulo de maior carga deambulante. O estilo do autor está adquirido, mas a distinção bem demarcada entre as duas partes, também se reflecte no desenrolar da escrita. Uma grande subida emocional e romântica da primeira parte e agora o levantar depois da queda. Algumas curiosidades se destacam e a trama enche de densidade o enigma.

Além de ser consensual, que não sabemos o nome verdadeiro do herói (embora continuem as referências a Melville, agora de Ismael passou a Bartleby), torna-se curioso o facto de não se perceber também a sua nacionalidade… ou será que se percebe? Outra curiosidade é o facto de esta parte acabar noutra tareia (esta bem mais violenta e com sequelas). Haverá uma ligação entre a violência sentida e a procura interna? E a externa…? Que sensações vos transmitiu esta parte por oposição/sequência à primeira? Que…? De…? Se…? Façam correr o sangue fervente nessas veias opinativas!





P.S. -Não se esqueçam das sugestões para a próxima leitura...

16
Nov 08

Em Domingo de resumo, concluo que a distância da ocasião que me levou a sul, me causou desnorte pela ausência de escrita e emissão de Bilhetes. Bendita, no entanto, a ida, pela vitória na prova (a continuar assim, ou a escala muda ou rebenta!), pelo descanso numa cidade adorada e pelo privilégio de mais uma magnifica experiência literária.

Ilustres desconhecidos, escrevem a sul, editando como gente singular numa qualidade de escrita que nem consigo quantificar. A última garantia de que assim é, foi dada na noite de Sábado no Pátio de Letras, em Faro, com o lançamento do livro Histórias Para Boi Dormir de Valério Bexiga. A erudição do popular, cruzado com um nível literário ao alcance de muito poucos e flamejado por um humor mordazmente invejável, fazem desta jóia uma preciosidade que deveria constar na biblioteca de qualquer leitor valioso. Ou não fosse de brilhantismo o exemplo:

“A Rosa Tronga, (sublinhou) é uma mulher de virtude (uma santa de Altar, é o que ela é!) que, com apropriadas benzeduras e um chá de cabelos, até de pedras é capaz de fazer “barrascos”. Não tem mais voltas a dar: o compadre e a comadre Bia dão as respectivas partes baixas destapadas a benzer, bebem o chá de cabelos que a Rosa Tronga temperilha e, quando dão por vossemecês, estão enrolados um com o outro, qual de baixo, qual de cima.”




Pena que os monopólios literários, privem a custo de 60% que todos tenham a possibilidade de ler estas maravilhas. Afortunados os que do acaso, fazem sorte na oportunidade de ler e conhecer TAMANHA beleza na conjugação da nossa língua.

Trezentos quilómetros depois e 24h mais acima, novo encontro literário com um menos desconhecido, mas também ilustre Paul Auster, que depois de uma ligeira e simpática conversa, teve a paciência de assinar 6 livros de rajada perante o olhar austero (bem ao estilo austeriano) do “controlador” que ia repetindo: 2 livros por pessoa! Só 2 livros por pessoa!




Fins-de-semana de cultura pesam muito nos euros, mas acrescentam em leveza o sorriso literário das paixões perseguidas. Assim, já conhecemos pessoalmente mais caras por trás das letras, mais heróis dos nossos sonhos! E isso, não tem preço...



Bilhetado por Brunorix às 23:45

A Arte de Roubar surge na onda febril nacional, que acompanha as minhas ultimas escolhas cinematográficas. Para um fã incondicional de Tarantino, exalto da loucura a constatação desta descoberta. Adorei!

Todos os pormenores cheiram a sátira de sátira. Até o facto de ver os nossos actores a "americanarem" na sua fala assenta na perfeição (e que leque surpreendente aqui se pode encontrar!). Acção, intriga, romance e gozo... muito gozo! Quase tanto, como o que me deu a mim a ver!

Pena que não se saiba, que não se ouça falar, que não esteja em mais salas...




Já antes aqui fora dito, que um livro é um livro e um filme é um filme! Quando um filme de um livro for tão bom como o livro que o filmou, algo vai mal no mundo da escrita. No entanto, este filme é muito bom pelo filme, mas a verdade é que a matéria prima era tão boa que era muito difícil fazer um mau filme. Que não se veja este filme, como um livro em filme, mas como um filme em filme baseado num livro fenomenal! Eu, gostei muito.

Bilhetado por Brunorix às 23:39
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13
Nov 08
Resplandecendo de contentamento, verifico com gáudio que os andamentos vão num compasso agradável. Muitos comentários e vontade de comentar. Não se inibam de comentar comentários, de refazer outros tantos e de gladiar argumentos.

Relembro, que falamos da segunda parte no próximo dia 17 de Novembro (segunda-feira) e que seria interessante que fizessem comentários também ao funcionamento. Se acham que este modelo de discussão funciona, se o prazo de leitura é muito alargado, se era melhor ler o livro todo e comentar no fim, etc. Façam sugestões e críticas e tudo o que se lembrarem.

Temos que começar a votar no próximo livro. Por isso, vou lançar as minhas sugestões e espero que o façam também para poder abrir, o mais depressa possível, a votação ali na coluna da direita. Vou tentar escolher para votação os mais sugeridos nos comentários, se não houver nenhuma sugestão que se repita, terei que fazer uma selecção da selecção. Até lá, vamos falando sobre tudo o que for pertinente para um funcionamento muito próximo do ideal. Isto é só o arranque e pode melhorar! Saudações literárias!


As minhas sugestões (com repetições):

1- A Trilogia de Nova Iorque – Paul Auster




2 – Ensaio Sobre a Cegueira – José Saramago






3 – O Apocalipse dos Trabalhadores – valter hugo mãe


Bilhetado por Brunorix às 13:39

Na minha quinta, que não é feira – embora hoje seja –, reina a paz e a harmonia entre os sobreviventes do holocausto urbano, que empurrou os habitantezinhos das barracas para a congregação de cimento no topo da quinta. Agora, já podemos brincar todos juntos: os ciganinhos, os pretinhos, os branquinhos de segunda, os branquinhos de primeira… todos! Como o prato nº31 do restaurante chinês, Família Feliz!




Como eu adoro correr por aqueles campos fora e vibrar com a natureza, com a comunhão de estar vivo entre os habitantes da minha quinta. Umas vezes partimos vidros de lojas e paragens de autocarro, outras vezes graffitamos as paredes, outras vezes assaltamos as garagens para roubar bicicletas, outras vezes morremos afogados no lago, também gostamos muito das pizzas que tiramos aos meninos de vermelho que passam naquelas motas muito engraçadas… só não andamos aos tiros uns com os outros, como nas outras quintas, mas também ainda estamos a aprender.

Na minha quinta, os animais cantam. E cantam bem! Andava eu muito contente a brincar às drogas e à prostituição, quando encontrei um baú de recordações ao lado do campo de futebol (imaginem só o tamanho da quinta!). Primeiro, pensei em parti-lo todo ao pontapé, como fazem os meus amigos, mas depois decidi espreitar para ver o que podia aproveitar para vender. Lá dentro, encontrei este lindo disco…




Deve ser do tempo em que os animais falavam, ou melhor cantavam, porque esta porcaria tem mau som e é só barulho. Tou pa ver como é que passo isto para o meu mp3 novo, que achei (tenho a certeza que foi achado porque vi um miúdo à procura dele) à porta de um colégio que fica mesmo ao lado da quinta. A minha mãe, diz que na capa é o meu tio Artur (antes de ser preso) encostado à barraca da minha avó, momentos antes de partir a fuça à pu** da minha tia (como ele dizia), que é a que vai ao fundo com o outro gajo. Vou deixar aqui para todos ouvirem, as melodias da minha quinta!



Bilhetado por Brunorix às 12:54
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12
Nov 08
Ansiava eu este acontecimento na espera de o saber iniciado, quando dei por mim a deixar que quase fugisse por entre os dedos. Pânico! Último dia e lá fui a correr, que nem bom português mas desta vez sem querer, para as 2 últimas horas de um festival que durou 17 dias!!

É verdade que tenho andado embrenhado noutros projectos que me têm afastado de alguns meios de divulgação, mas confiava no Expresso (que leio semanalmente) para me avisar. Mas ele não me avisou! ): Pelo menos que eu desse por isso. Estarei a ver mal? Apareceu num cantinho e nem vi? Ou não apareceu de todo? Não sei, mas embora pese o meu pseudo-afastamento pareceu-me que não teve a divulgação que merecia. Não fosse um aviso do Rei Leão e perdia a carruagem da BD.

Foi pena (sobretudo para mim), que só apanhei “restos”, bancas a fechar e nada de autores a autografar. Enfim, espero estar mais atento para o ano. No entanto, congratulo-me com o facto do António Jorge Gonçalves (com quem tive o privilégio de trabalhar e que me ofereceu um exemplar) ter ganho o prémio de Melhor Desenho para Álbum Português, com o álbum Rei que tem argumento do Rui Zink. Parabéns!



Bilhetado por Brunorix às 11:58
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11
Nov 08
Perdoem-me o tom revoltado da escrita, mas por vezes é difícil conter a indignação perante a estupidez e a presunção. Introdução volvida, passemos à acção.

Personagens: um português, um australiano e um americano.

Enquadramento: o português alugou um equipamento ao australiano (e foi com ele que assinou um contrato). Esse equipamento tem um software desenvolvido pelo americano. Para funcionar em Portugal tem que ser traduzido. Por isso, o português recebe do australiano a versão inglesa, traduz e devolve em português para o australiano enviar ao americano, que integra no software a versão portuguesa.

Busílis: A versão portuguesa chegou ao americano em Julho, para possibilitar que o equipamento estivesse a funcionar em Outubro, Tal não aconteceu, e o equipamento leve já 7 semanas de funcionamento (com público a pagar), apenas em inglês!

Resultado: O português foi enviando e-mails ao australiano (como parte contratada) a perguntar quando é que estaria pronto, a falar dos prazos, e que era para ontem e afinal nem amanhã, e outras lamentações do género. Até que, HOJE chega um e-mail do australiano (reencaminhado do americano) com o novo software.

Indignação/Revolta/Estupefacção/etc.: Como o e-mail recebido tinha sido reencaminhado, podia ler-se o que o australiano escrevera ao americano e a respectiva resposta...

Australiano: Dear… (se fosse eu a escrever aqui punha Filho da ****!) para quando o software? Os portugueses estão a ficar preocupados.

Resposta da besta: Dear… diz-lhes que não se preocupem, afinal temos um Presidente novo!!!

WHAT THE FUC*??!! Alguém me explica o que é que tem a ver o presidente com o atraso? Será que temos a honra de ter um software desenvolvido pelo próprio presidente dos EUA?? É que assim eu percebo que ele não tenha tido muito tempo, com a campanha e tal… Mas quem é que estes gajos pensam que são?! Pelo meio da explicação, a Besta ainda diz: eles (que somos nós os portuguesinhos) que arranjem alguém com competências para trabalhar em Windows! (Ca filho duma ganda… americana!!)




Claro que aqui o tuga, ferveu o seu sangue luso e devolveu a resposta ao australiano agradecendo o envio (apesar do atraso), mas com cópia para o americano onde se podia ler em nota de rodapé:

Besta: Será que podia pedir ao seu Presidente novo, o favor de passar aqui para explicar aos visitantes portugueses o porquê de termos um software (pago por nós) com 7 semanas de atraso?! (tudo verdade excepto o nome da Besta!)



P.S. – Obrigado… estou mais calmo!
Bilhetado por Brunorix às 11:38

10
Nov 08
Sem grandes delongas opinativas, começam aqui e agora as primeiras conversas de partilha literária do Bilhete de Ida. Opto por não manifestar no post as minhas opiniões, para ter hipótese de o fazer também nos comentários (Bilhetes Comentados), tal como qualquer outro membro do Clube.

Este post vai ficar no "hall" do Clube 24 horas, mas sempre que quiserem explorar o "resto da casa", basta clicar nos links ali da barra lateral à direita. Podem comentar sempre que quiserem, tentando só falar da primeira parte esta semana.

Lanço algumas questões que podem ter interesse para explorar e para iniciar as hostilidades: a crítica parece ser unânime em referir que há autores que influenciam a forma e o estilo da escrita de João Tordo. Se notam isso, que autores vos sugere? Poderá ser considerado um autor romântico? Que choque provoca a crueza da morte de Kim acabando com um amor que mal começara? Que expectativas levanta esta primeira parte em direcção ao final do romance? Será esta parte sugestivamente fatalista? Sentem aguçada a veia do mistério? Que tipo de narrador podemos sentir? E as personagens, que caminho seguem?

Estes são apenas alguns exemplos do que podemos comentar. Escrevam das vossas sensações, pensamentos, ansiedades, expectativas e tudo o mais que aqui couber. A que vos sabe este romance? Façam-se ouvir e opinem. Opinem até à exaustão das ideias. Venham elas!




09
Nov 08
Expectantes momentos, de há muito devidos, aguardavam o visionamento deste filme, uma semana depois de termos conferenciado, noutro contexto, com a protagonista principal e um dos argumentistas.

Um filme a não perder, na linha do melhor que se fez na língua de Camões (que mesmo só com um olho também devia ter gostado, concerteza, de o ter visto), a cheirar a argumento made in hollywood, com acção, suspense e muito sexo. A revelação de uma sex-symbol que juntou ao já conhecido facto de ser uma actriz boa, o facto de ser uma boa actriz. A confirmação de grandes actores como Nicolau Breyner (que bom que ele é nestes papéis, em vez de querer insistir em fazer rir), Ivo Canelas (muito bem), Ana Padrão, Joaquim de Almeida (nunca o tinha visto juntar o habitual papel de mau, à homossexualidade) e outros mais e outros menos.




A história, sem ser um achado, tinha as condicionantes q.b. para nos prender ao desenrolar da trama, com bastante veracidade nos diálogos (afinal, é com calão vernáculo que se fala nestes meios), ausência de tempos mortos e ousadia nas cenas. Gira em torno da Lady e não surpreende no final, mas também é verdade que se chama Call Girl e não Call Bad Guy ou Call Mayor, por isso termina como devia.

A ver, sem o preconceito de que para filme português até não está mal. Não foi por acaso que foi o filme nacional mais visto de sempre. É bom e recomenda-se!
Bilhetado por Brunorix às 15:59
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08
Nov 08
Este Sábado trouxe uma capa de mudança no visual aqui do Bilhete. É apenas para evitar os fortes ventos laterais e o frio de escrita que se avizinha, não vá a monotonia constipar-se. Foi só um liftingzinho de Inverno para manter a temperatura de ontem.
Bilhetado por Brunorix às 22:48

07
Nov 08
Daquela camada pictórica, só conseguia apreciar os contornos dos corpos nus. A cor, a luz, o motivo, não lhe interessavam. Apenas os corpos. Quase como se de uma cena pornográfica se tratasse. A galeria estava quase a fechar e não conseguia desviar os olhos daqueles dois corpos femininos, que se entrelaçavam num bailado de erotismo artístico.

Sentiu um calor imenso a percorrer-lhe o corpo e uma dilatação incontrolada de todos os poros da vontade. Os seus seios rijos de prazer, pareciam querer furar a fina blusa de linho excitado, numa tentativa de romperem as barreiras da convenção. Do seu interior, escorria uma gota de prazer ansiosa de contacto. O tempo passava, a vontade não. Mais ninguém na galeria.

Sem aviso prévio, as luzes apagam-se ficando apenas um foco a incidir no quadro. A escuridão circundante aumentou o prazer do sonho e não conseguiu evitar que uma das suas mãos tocasse ao de leve o interior da blusa que cada vez mais se parecia querer desfazer. Num descontrole total do local, sentiu a outra mão desgovernada a descer pelo seu ventre em direcção a uma humidade chamativa. Aumentava o ritmo do toque e a pulsação da loucura. De pé, em frente a um quadro, entregava-se ao seu prazer despreocupado, sabendo que já não devia estar só. Esse pensamento parecia aumentar o nível de excitação.




Respondendo ao seu chamamento dançante, duas mãos fortes vindas de trás, agarraram com força os seus seios que gritavam por mais. Algumas palavras sussurradas ao ouvido, permitiram que toda a sua roupa abandonasse o seu corpo, como que por vontade própria. Não tirando os olhos do anestesiante quadro, sentiu nas costas um corpo nu que se esfregava em súplica lasciva. Segundos depois, era penetrada com volúpia numa violência pedida em gritos de prazer.

Trocados os papéis, eram agora os corpos do quadro que olhavam com inveja para aquela conjugação de casal. A fúria penetrante daquele viril membro, fazia da loucura interior o tempo esquecido. Ao compasso dos gritos roucos, sentiu os cabelos a serem puxados para trás numa cavalgada desenfreada. Estava quase, estava perto do auge e não queria que acabasse. No entanto, algumas investidas depois, explodia num orgasmo gritante pintado às cores que não via no quadro.

Ofegante do suor quente e do pensamento que ainda prazeria, sentiu aquele corpo a abandonar o seu sem uma palavra de despedida. Sorriu na satisfação do desconhecido e ajoelhou-se sobre a sua roupa que jazia inerte pelo chão.




Algumas pinceladas confusas depois, estava de novo a olhar para o quadro, já vestida e na mesma posição de admiração inicial. Ouviu uns passos atrás de si, e uma voz que não queria incomodar e que soava a muitos anos de vida, disse baixinho:

- A senhora desculpe, mas já fechámos há mais de 30 minutos. Como estava profundamente embevecida pelo quadro deixei-a ficar mais um pouco, mas agora tenho mesmo que fechar tudo.

Aquiescendo envergonhada, dirigiu-se para a saída dando uma última passagem na memória daquela imagem. Os seus olhos pararam pela primeira vez na legenda que estava na parede:

Visões nuas e inebriantes




Bilhetado por Brunorix às 18:41

06
Nov 08

Caro amigo Zafón,

É com grande admiração que lhe escrevo estas linhas, alguns minutos depois de virar a página 568 do seu último romance “O Jogo do Anjo”. Arrepiado, ainda, da emoção mais recôndita da minha alma que me fez ler de manhã à noite (literalmente), passando pelas horas de almoço, não consigo deixar de lhe transmitir estes sentimentos.

A subtileza enraizada no cruzar de enredo com o outro, também magnífico, “A Sombra do Vento”, a pureza da imaginação comparada em cada descrição que me transportou a todos e a cada um dos locais da história, a imaginação desperta na criação das personagens, o forte sentimento que envolve cada um deles, a continuação de um livro que fala de livros e escritores e leitores, a genialidade continuada do cemitério já conhecido, e tudo o mais que me fez sentir dor na distância da leitura, perfazem deste um dos livros que almejaria um dia escrever.

Sinto no âmago da inveja, a pontinha de sorte pelo privilégio de ter lido TAMANHO romance. A minha biblioteca de experiências lidas, acabou de ganhar mais um brilhante volume que ficará na vitrina das edições especiais, aumentando esta colecção que ficará para Sempere na minha memória.

Do meu mais prosaico português vernáculo, só me resta dizer: Cum catano Carlos, ca ganda livro, pá!


Despeço-me com elevada estima, consideração e mais alguma inveja.
O seu estimado leitor,

B.






Bilhetado por Brunorix às 12:05

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