Escritas do fundo do mar

16
Nov 08

Em Domingo de resumo, concluo que a distância da ocasião que me levou a sul, me causou desnorte pela ausência de escrita e emissão de Bilhetes. Bendita, no entanto, a ida, pela vitória na prova (a continuar assim, ou a escala muda ou rebenta!), pelo descanso numa cidade adorada e pelo privilégio de mais uma magnifica experiência literária.

Ilustres desconhecidos, escrevem a sul, editando como gente singular numa qualidade de escrita que nem consigo quantificar. A última garantia de que assim é, foi dada na noite de Sábado no Pátio de Letras, em Faro, com o lançamento do livro Histórias Para Boi Dormir de Valério Bexiga. A erudição do popular, cruzado com um nível literário ao alcance de muito poucos e flamejado por um humor mordazmente invejável, fazem desta jóia uma preciosidade que deveria constar na biblioteca de qualquer leitor valioso. Ou não fosse de brilhantismo o exemplo:

“A Rosa Tronga, (sublinhou) é uma mulher de virtude (uma santa de Altar, é o que ela é!) que, com apropriadas benzeduras e um chá de cabelos, até de pedras é capaz de fazer “barrascos”. Não tem mais voltas a dar: o compadre e a comadre Bia dão as respectivas partes baixas destapadas a benzer, bebem o chá de cabelos que a Rosa Tronga temperilha e, quando dão por vossemecês, estão enrolados um com o outro, qual de baixo, qual de cima.”




Pena que os monopólios literários, privem a custo de 60% que todos tenham a possibilidade de ler estas maravilhas. Afortunados os que do acaso, fazem sorte na oportunidade de ler e conhecer TAMANHA beleza na conjugação da nossa língua.

Trezentos quilómetros depois e 24h mais acima, novo encontro literário com um menos desconhecido, mas também ilustre Paul Auster, que depois de uma ligeira e simpática conversa, teve a paciência de assinar 6 livros de rajada perante o olhar austero (bem ao estilo austeriano) do “controlador” que ia repetindo: 2 livros por pessoa! Só 2 livros por pessoa!




Fins-de-semana de cultura pesam muito nos euros, mas acrescentam em leveza o sorriso literário das paixões perseguidas. Assim, já conhecemos pessoalmente mais caras por trás das letras, mais heróis dos nossos sonhos! E isso, não tem preço...



Bilhetado por Brunorix às 23:45

A Arte de Roubar surge na onda febril nacional, que acompanha as minhas ultimas escolhas cinematográficas. Para um fã incondicional de Tarantino, exalto da loucura a constatação desta descoberta. Adorei!

Todos os pormenores cheiram a sátira de sátira. Até o facto de ver os nossos actores a "americanarem" na sua fala assenta na perfeição (e que leque surpreendente aqui se pode encontrar!). Acção, intriga, romance e gozo... muito gozo! Quase tanto, como o que me deu a mim a ver!

Pena que não se saiba, que não se ouça falar, que não esteja em mais salas...




Já antes aqui fora dito, que um livro é um livro e um filme é um filme! Quando um filme de um livro for tão bom como o livro que o filmou, algo vai mal no mundo da escrita. No entanto, este filme é muito bom pelo filme, mas a verdade é que a matéria prima era tão boa que era muito difícil fazer um mau filme. Que não se veja este filme, como um livro em filme, mas como um filme em filme baseado num livro fenomenal! Eu, gostei muito.

Bilhetado por Brunorix às 23:39
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