Escritas do fundo do mar

29
Nov 08
Na 3ª curva à esquerda, Ofélia sorria na cinzentude de Mário. O seu olhar vivo e brilhante ofuscava os olhos cegos de apatia de um Mário condutor. Estava bem disposta e notava-se que ria sozinha. Cantava alegremente sobre o silêncio sepulcral da condução de Mário.

Sempre se tinham conhecido assim, em pontas opostas. O que para si era branco de manhã, seria sempre preto na noite de Mário. Mas amavam-se. Aprenderam a viver separados pela diferença. Desde logo os gostos musicais: a amplitude do rock ao pimba de Ofélia, soava a estridente no gosto estritamente clássico de Mário. Nunca liam os mesmos livros e raramente viam os mesmos filmes.

Até os bancos do carro pareciam ter cores diferentes: o azul-bebé de felicidade de Ofélia, crescia ao lado do estofo preto adulto de Mário. Aquele carro de antíteses, seguia por uma estrada de dois lados: uma montanha cinzenta e fria, surgia na janela fechada de Mário, enquanto do outro lado a cabeça de fora de Ofélia, indicava o agradável cheiro a flores de esperança.

Toda a vida viveram naquele equilíbrio de forças. O yin e yang que pautava o seu amor, fortalecia a certeza que tinham que nunca seriam o que viam no outro. No entanto, era esse mesmo contraste que lhes dava tranquilidade e alicerçava a relação.

Em 20 anos zangaram-se uma única vez. Foi numa manhã fria de Inverno em que escolheram camisolas da mesma cor. Saíram à rua os dois de azul-escuro, e não voltaram a encontrar o fiel da balança, a não ser à noite quando despiram as roupas da concórdia e se entregaram como nunca antes!

Agora que faziam juntos a última viagem, sabiam que esta aparente alegria contrastante era inversa ao passado. Mário sempre fora o mais colorido nos monocromas emocionais de Ofélia. No entanto, os acontecimentos dos últimos meses tinham pintado a cinzento a sua palete de cores. Não conseguia disfarçar a dor que sentia, e ainda se tornava mais difícil entender toda aquela alegria de Ofélia. Sabia que devia juntar todas as forças em volta do desejo dela e tentar fazer daquela última viagem um sonho, mas simplesmente não conseguia… tudo era pesadelo!

O nó que apertava na sua garganta, não deixava respirar o seu pensamento e toldava-lhe o espírito da justiça. Estava a ser egoísta e tinha que fazer qualquer coisa! Parou o carro, saiu e olhando de soslaio para a montanha cinzenta do seu lado, deu a volta ao carro deixando-o de porta aberta no meio da estrada. Do outro lado Ofélia sorria de cabeça de fora, extasiada com a floral paisagem.

- Não me deixes! - Disse ajoelhando-se ao seu lado.
- Meu querido, não penses nisso. Leva-me a este destino sem pensar nos porquês. Vamos viver cada respiração desta viagem como se não houvesse mais ar!
- Não consigo suportar a ideia de ficar sem ti! Não é justo! Porque é que não posso ser eu a morrer?!
- Porque assim ficava eu a sofrer! Já viste bem o que estás a fazer por mim?! Vais ficar cá a comandar o barco sozinho e a sofrer na tua navegação. Queres maior prova de amor que essa?! Anda meu amor, leva-me que o tempo urge!

De volta ao inconformado destino do caminho, Mário chamou a si todas as cores de volta à palete da esperança e pintou de determinação a sua postura para o resto da viagem. Concretizar aquela viagem, seria a sua despedida de Ofélia numa prova de vida dada em vida!




Exercício de Escrita Criativa sobre contrastes. Condicionantes (por esta ordem): 1 – duas pessoas num carro; 2 – Paisagem/montanha; 3 – Passado/Destino. Tempo: 15 minutos pontos 1 e 2, mais 15 minutos ponto 3.
Bilhetado por Brunorix às 17:21

28
Nov 08
A sua inocência de vida, tingia-lhe a face de uma rubicunda vergonha. Será que se notava o desejo no seu olhar?! Tinha medo que a maneira lasciva com que os seus olhos tentavam atravessar aquela roupa, fosse denunciante logo no primeiro cruzamento fitado.

Correspondendo às suas súplicas fantasiosas, todos se levantaram e abandonaram a sala. Ficaram só os dois. Pela primeira vez na vida do seu desejo, aquela mulher endeusada na sua paixão, levantava os olhos na sua direcção. Aos olhos juntou o resto do corpo e caminhava para ele. A sua temperatura interna disparou em alarme geral e à excitação voluptuosa que já se via, juntou-se um nervoso incontrolável a cada passo aproximado.

A fantasia parecia estar a tornar-se realidade e já conseguia cheirar o perfume inebriante daquele ser escultural que já estava à distância de uma carícia. A ninfa dos seus sonhos de muitas noites, aproximou-se e sem uma palavra ajoelhou-se à frente da cadeira onde se encontrava nervosamente sentado, e arrancou-lhe de uma só fúria carnal as calças que tapavam todo o seu desejo. Com a mestria própria de uma vida de muitas experiências, engoliu languidamente todo o seu desejo erecto. Poucas investidas de boca depois, e já ele tinha o seu primeiro orgasmo numa explosão de espanto há muito contido.

Deglutidos desejos depois, e aquela mulher de sonho erguia-se à sua frente tirando toda a roupa de uma só vez, revelando um corpo maduro e carregado de desejo. Sentou-se sobre ele e esfregou-lhe os enormes seios (como ele nunca vira) na cara, ordenando que os lambesse avidamente. Ao mesmo tempo, a mão dela descia na busca do desejo dele, fazendo com que desaparecesse no seu interior. Os dois deram graças, pela juventude daqueles 17 anos novamente erectos.

Um ritmo imposto à força do desejo, rangia numa dança assente naquela cadeira enquanto se gritavam desejos surdos de paixão. Ela suplicava por mais velocidade e ele obedecia de vontade, numa entrega subserviente de quem não sabe. Pouco tempo depois, explodiam em conjunto num abraço suado de certeza.

Vestiram-se na velocidade de um silêncio, enquanto sorriam da vitória consumada numa partilha de vontade com muita diferença de idade. Ele sorria, enquanto pensava que jamais esqueceria aquela mulher e a sua primeira vez, quando a campainha tocou num estridente acordar de realidade:

- Então Ricardo, o teste?! Não fizeste quase nada!
- Desculpe Professora, nem dei pelo tempo a passar…


Bilhetado por Brunorix às 17:04

Os maus ventos no canal financeiro afastam-me decididamente do meu café preferido. No entanto, uma ajuda de Natal lá permitiu mais uma magnífica incursão neste mundo partilhado.

Com os episódios que perdi pelo meio, não dei pela mudança de actores. Constatei, por isso, que as voluptuosidades salientes da Lena de Leste desapareceram (e a Lena também), o que origina nesta sequela a que a Rosa se faça acompanhar agora por um Roso Latino (que não sei o nome, mas como a Rosa também é Sandra não faz mal ao relato).

Discutiam estas duas almas da sapiência conjugal, questões sobre o amor numa partilha, como de costume, bem audível. Algumas pérolas apanhadas neste mar de preciosidades, seriam tão boas como: é preciso é que haja amor! Amor ao carro, à casa… (dizia ele). O problema é quando elas ganham mais e depois se fazem à vida e cagam (sic) neles! (rematava ela).

A meio desta erudição, entram dois indivíduos, tipo gajos, com umas vestimentas muito fluorescentes, tipo colete do carro mas de corpo inteiro, e aproximam-se do balcão pedindo num esfregar de mãos aquecedor, típico do frio das 9h da manhã que eram:

- Vai uma cervejinha?
- Tás maluco, a esta hora?! Quero um café com cheirinho…

Dirigi o meu olhar de espectador para o meu galão de menino (as coisas que eu bebo pela manhã!) e pensei em arrotar para dar um ar de macho mais ambientado, mas não consegui e continuei a mastigar a minha sandes de queijo (de boca fechada, o que também destoava!), também de menino, porque entretanto, já um deles pedira uma sandes de torresmo, mas como não havia, comeu um pastelinho de bacalhau!

São estes episódios que se perdem, por não comer fora mais vezes. Efeitos da crise…


Bilhetado por Brunorix às 11:27
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(2 horas de atraso depois)

- O Chefe desculpe, mas houve um acidente e…
- Oh homem, não há problema! É preciso é que compense, hã?!



Bilhetado por Brunorix às 11:12

27
Nov 08
Portugueses são dos europeus menos satisfeitos com a vida

As coisas que eles inventam… valha-me Nossa Senhora! Qual é a necessidade que têm de estar a desestabilizar as pessoas?! Estamos nós aqui tão bem no nosso cantinho. Não nos falta nada, não temos dívidas, não contamos os tostões antes sequer de pensar, não sentimos a inflação a aumentar, nem as taxas de juro, nem sentimos os salários na mesma anos a fio…

“Bem-estar subjectivo”, mas afinal o que é isto?! Ele há coisa mais objectiva que o bem-estar? Ou estamos bem ou não estamos! Que mania de manipularem a cabeça das pessoas. Um estudo… qual estudo?! Mas isto é que é estudar?! Se fossem mas é trabalhar, como às pessoas!

E o pior de tudo… é que escolhem sempre as estatísticas em que estamos em último. Porque é que não mostram as da sinistralidade nas estradas? Ou das taxas de alcoolemia? Ou das famílias endividadas? Ou da literacia e do analfabetismo? * Se há coisas em que somos bons, porque é que não as valorizamos? Francamente! Sempre a mandar abaixo, a mandar abaixo… por isso é que andamos infelizes!

Não nos valorizam!





* - Nunca percebi o que é isso do fabetismo anal… mas com estudos destes até tenho medo de perguntar! Deve ser mais uma das modernices da Europa para nos mandar abaixo!

Bilhetado por Brunorix às 11:46

26
Nov 08
De seu nome Natália de Andrade, esta graciosidade do canto nacional consegue de um só sopro vocal abanar os alicerces cançonetistas de uma nação inteira. Dona de vários êxitos consagradíssimos, destaco esta ode à passarada. Sobretudo à passarada em sofrimento! Ainda pensei no Amor Verde, mas eu também tenho um e não fui capaz de o defraudar. Eis o que acontece quando o rouxinol adoece…




Roubei a ideia ao meu amigo Eduardo, mas não posso deixar de divulgar esta pérola. Este tesouro tem que ser desenterrado do mais fundo dos anonimatos. Tem que se trazer à luz do conhecimento a sua existência e o seu esplendor lírico cançonetista.
Bilhetado por Brunorix às 15:22

TEXTO C (Relatório Policial)

Operação Saco Azul

Às 22h da madrugada de ontem, foi levada a cabo uma operação conjunta entre as forças da Polícia Juju (PJ), Polícias Santos Polícias (PSP) e Guardiãs Nuas dos Recantos – Brigada do Transformismo (GNR-BT).

A Operação Saco Azul foi o culminar de vários meses de investigação da força de intervenção especial das militares da GNR – BT com vista à cassação das actividades de transformismo ilícito do grupo de marginais conhecidos por Gang dos Bebés-Velhos. Esta brigada composta só por agentes femininas (espero eu!), incidiu a sua investigação nos mais suspeitos parques do país, após os misteriosos aparecimentos de sacos azuis transformistas. Esta investigação que começou em Felgueiras, culminou, como já foi referido, na acção interventiva de ontem, que ocorreu desta feita no Parque do Calhau em Monsanto.

Desenrolar da Operação:

21h 30m: Os primeiros agentes a chegarem ao local, foram o Agente Saraiva da PJ e o Agente Simões da PSP. Devidamente dissimuladas as suas presenças no local da operação esperou-se a chegada do prevaricador suspeito que se sabia, por escutas em infantários, ocorrer por volta das 22h.

21h 55m: A operação sofreu um revés inicial e esteve quase a ser abortada, quando o Agente Saraiva da PJ, disfarçado de banco de jardim, sentiu na pele, isso é no lombo, o pesar ofegante dos 150Kg do corredor nocturno, de ora em diante designado por Testemunha nº1. Perante a imobilização do referido Agente, debaixo de tamanha carga, pareciam goradas as possibilidades de uma rápida intervenção. No entanto, e graças mais uma vez à valentia destes agentes no terreno, foi possível levar a cabo os intentos da operação como se explica no parágrafo seguinte.

22h: O Agente Simões da PSP, disfarçado de arbusto, manteve a sua posição no terreno e aquando da chegada do prevaricador suspeito, que se sabia chegar em formato bebé, tentou atrair a posição deste último para junto de si. Embora soubesse da imobilização do seu colega agente, conseguiu que o saco (por acaso azul) ficasse preso em si, isto é no arbusto, atraindo assim o suspeito ao seu interior.

22h 30m: Como já era sabido por estas forças da ordem, o transformismo ilegal viria a ocorrer por volta das 22h35m quando o prevaricador suspeito, antes bebé, saía de dentro de um balão azul, antes saco, agora como velho (o suspeito, não o saco).

22h 35m 33s: É nesta fase da operação que se dá a rápida intervenção das agentes da GNR-BT (Agente Liliana, Agente Rute, Agente Ofélia, Agente Rosa Choque, Agente Matos e Agente Inha), devidamente fardadas, isto é nuas, que imobilizaram o velho, antes bebé, após o seu transformismo ilegal.

Notas finais: É de louvar mais uma vez, o bom desempenho de todas as forças policiais envolvidas, que só assim possibilitaram que mais um membro do referido gang fosse capturado após conclusiva prevaricação. Foi possível, ainda, recolher o depoimento da Testemunha nº1, que finalmente saíra de cima do Agente Saraiva, que teve que ser encaminhado ao hospital com lesões profundas nas costas, mais precisamente entre as vértebras L4 e L5. A este Agente se recomenda a atribuição da medalha (curiosamente) azul da Grande Ordem do Disfarce (GOD).

Ao Agente Simões se recomenda a medalha de Mérito Florestal por aguentar “arbustamente” o seu disfarce e à brigada da GNR-BT um louvor colectivo por mais um magnífico desempenho. Este louvor será procedido de um jantar de comemoração* em casa do Comandante da referida brigada, para atribuição de brindes e algemas de ouro.**


Lisboa, 25 de Novembro de 2008.

Comandante Gomes,
3ª Brigada da GNR-BT
(orgulhosamente único homem!)


* Excepção feita à Agente Matos que fica de serviço à esquadra, por não ter feito a depilação devidamente, como consta do código de conduta das militares da GNR-BT, artigo 2º Aprumos e Fardamentos, alínea 4c: Ostentações e Outras Pilosidades.

** É preciso esclarecer o mistério que envolve o transporte de equipamento policial por parte destas agentes, pois se nem um cinto usam…? No entanto, é de louvar o facto de surgir tudo no decorrer das operações quando é preciso, algemas, cassetete e arma pessoal.



Bilhetado por Brunorix às 12:16

TEXTO B (1ª pessoa)

Tenho que lá chegar… tenho que lá chegar! Nunca mais acerto com isto. Tanta mudança de corpo e nenhum me serve. Mas porque é que eu não ouvi as instruções com atenção?!

Se bem me lembro, diziam que tinha que ser de noite, num parque da cidade e para ter atenção à cor do saco que tem que ser de plástico (está visto que não têm consciência ambiental!). Já sei que não pode ser amarelo porque fiquei dentro de um corpo de mulher, verde também não porque saí bebé, vamos ver se naquele azul acerto. Afinal, tenho 20 anos e estou a gatinhar vestido com um babygrow, num parque nojento, atrás de um saco de plástico azul. Se ao menos o vento parasse.

Estou quase, maldito saco! Ainda bem que a esta hora não se vê ninguém… raios! Aquele gordo sentado com ar de morto vivo está a olhar para mim com cara de parvo. Queres ver que ainda se lembra de me pegar ao colo? O que vale é que parece ter um andar mais lento que o meu gatinhar.

Boa! O saco ficou preso num arbusto. Já tenho os joelhos em sangue, é agora!

Deixa cá ver se é desta: já estou cá dentro, dou 3 voltas enrolado no saco, declamo um poema, ponho os dedos no nariz, faço força e espero… espero… já me sinto a crescer… e a ficar mais velho… está a funcionar… finalmente, estou a crescer! Tenho cabelo, e barba!

(demasiado crescimento depois)

Espera, espera lá… estou a crescer de mais, a envelhecer demais… não!!! Saco errado outra vez! Será que tem de ser um do Continente? Os do Pingo-Doce são pagos… serão melhores?!




Bilhetado por Brunorix às 11:36

Mais um exercício de escrita criativa, desta vez em 10 perspectivas diferentes. Como condicionantes obrigatórias, o facto de ter que ser num parque, ter que existir um saco e ter que acontecer algo marcante. O resto é meia bola e força! Duração,15 minutos (+/-) cada texto. Deste escriba saiu assim:




TEXTO A (3ª pessoa)

Decidi parar porque já não conseguia mais. Sentia os pés na cabeça e os joelhos batiam um no outro a cada passada. Já era muita corrida para a minha barriga. Era a minha primeira noite de jogging no parque e eu estava sentado ofegante, 10 minutos depois de ter começado.

Enquanto lamentava a minha má forma, olhei para o lado e vi um bebé a gatinhar. Que horror, pensei, um bebé sozinho num parque às dez da noite?! Alheio ao meu pânico de adulto, o bebé continuava a gatinhar em direcção a um saco de plástico. Parecia decidido na sua tarefa de lá chegar.

Ordenei ao meu corpo que se mexesse, mas ele não fez nada, estava entorpecido da corrida e não houve reacção. Nisto, o bebé atingiu o saco e enfiou-se lá dentro. À medida que eu finalmente me conseguia levantar e me aproximava do saco, reparei que este estava a esticar, a esticar. Já não parecia um saco, parecia um balão.

Quando eu estava já ao alcance de um sopro, o balão rebentou e saiu de lá um velho!





Bilhetado por Brunorix às 11:23

25
Nov 08
Agora que atingimos o porto final nesta viagem literária, é chegado o momento de escolher a nossa próxima rota. Não tem havido muitas sugestões e por isso avançam as que já estão lançadas, com uma pequena alteração.

Em jeito de balanço, pode dizer-se que a participação dos membros é bastante activa, mas percebe-se que não se podem prolongar os comentários por várias semanas porque se vai perdendo o fôlego. Por isso, reduzo os futuros tempos de leitura a 2 semanas e no fim fazem-se os comentários ao livro todo.


1- A Trilogia de Nova Iorque – Paul Auster



2 – Ensaio Sobre a Cegueira – José Saramago



3 – o remorso de baltazar serapião – valter hugo mãe



Outras sugestões de leitura e/ou funcionamento são sempre bem vindas. Fica em votação, ali no lado direito, até dia 7 de Dezembro. Até lá, vamos comentando o Hotel Memória do João Tordo e vamos votando. Boas leituras!
Bilhetado por Brunorix às 15:52

Dois centos já sentam no assento do Bilhete! Foi de uma assentada e assinto que nem dei pela passagem. Assentei arraiais e criei um novo verbo no meu dia-a-dia: o Bilhetar! Bilheto para cima e para baixo, a torto e a direito, parvamente ou pior ainda, com imaginação ou talvez não, mas confesso que me sinto bilhetantemente bem nesta paragem.

Este vício de escrita compulsiva que me corre nas veias da criação, não me deixa afastar muito as emissões. Quando emiti o primeiro bilhete, pensei que seria apenas uma experiência nova que não teria muita continuação… afinal, criei um “monstro” que me come as bolachas da imaginação e me empurra nesta Ida todos os dias. Colo assim, na parede da criatividade o ducentésimo bilhete!




Aprendi escrita, aprofundei leitura, criei Clube e outras secções, deixei palavras aos milhões. Ouvi na rádio, li comentários, lancei poemas e outros abecedários. Contei visitas, dei música e sugestões, liguei para muitos e conheci ligações.

Por isto tudo, aos 200 ergo a minha caneta e bebo de um só trago as palavras que ela contém. O que for saindo sairá, assim me permita a vontade e a emissão imaginativa!



P.S. - Em jeito de comemoração, deixo uma prenda musical, roubada neste Project...


Bilhetado por Brunorix às 10:55

24
Nov 08
Nem dei por ele. Escondi-me a trabalhar antes de ser e quando saí já não era. No entanto, espalho com orgulho a notícia de como ele podia ter sido… aqui!

Nem vale a pena fingir que não se quer ler…





Bilhetado por Brunorix às 15:14

Terceira, e última, parte deste livro de estreia do Clube de Leitura do Bilhete de Ida. Agora que Tordo, isto é Ismael, termina a sua busca, chega-nos a primeira certeza: que pena chegar ao fim! Independentemente de qualquer análise ou opinião, este é sem dúvida um livro que deixa saudade e um ligeiro travo a lamento por não haver mais história.

Física e psicologicamente debilitado, o herói persegue a sua obsessiva procura por algo que não precisava procurar mais, a não ser por ele próprio. Esta viagem externa ao seu interior, quase lhe custou a vida e deixou-o marcado para toda. A leitura dos cadernos de Samuel e o desenrolar da teia…

Esta será a altura ideal para opinar a parte (terceira) e o todo. Quanto de autor se sente nesta “Memória”? Afinal, quem matou Fran Sakovski? O cruzar de histórias: o narrador e o fadista. Terá o final (co)respondido ao que se procurava?

Não perca a resposta a estas e outras questões, num Bilhete Comentado perto de si!







23
Nov 08
Domingo de emoções fortes levou-me à Casa das Metáforas para efectivar pela data o que já era de há muito sentido. Este simbolismo de entrar num espaço para dizer ao mundo o que nos vai na alma, não me é entendido no seu todo, mas foi encarado com a honra e o respeito que me merecem.

Feita da meta esta vontade, dei por mim dentro de um embrulho cinzento a ter que explicar num equilíbrio não forçado o que queria que soubessem. No estômago um nó tremendo, na cabeça ideias misturadas, no coração um sentimento certo e no bolso um papel que desembrulhei do mais fundo embargar da minha voz, para que soasse metaforicamente assim:


O nosso jardim

O F. nasceu na minha vida, como fruto de um ventre semeado de amizade por mim e pelos seus pais. Quando ele começou a germinar a sua existência, e a honra do convite se plantou, percebi que na minha árvore de vida, crescera um novo ramo só para sustentar esse mesmo fruto.

Agora que vamos tendo o nosso próprio jardim de cumplicidade, é com muito orgulho que rego o crescimento do F., com todo o acompanhamento que posso, com muita responsabilidade, dedicação e, sobretudo, com todo o amor por um filho que é também um pouco meu. Assim, a sua árvore vai sempre crescer ao lado da minha.

Sorrimos os dois, à sombra das nossas árvores e sabemos que os nossos galhos estão cada vez mais entrelaçados. O F. tem, e terá sempre na sua vida, a certeza de que as raízes do meu sentimento crescem todos os dias mais um bocadinho.

É por isso, que hoje, 23 de Novembro de 2008, lanço de novo à terra do nosso jardim, e perante todos e a convicção de cada um, as sementes dos meus votos de apadrinhar o F. neste crescimento que é a vida.


Ass: O Padinho





O resto da cerimónia foi num senta levanta habitual, enquanto as minhas pernas bamboleavam do nervoso já passado, e as velas se misturavam com as toalhas e as fotos.

Ainda confuso da mistura de sensações, fica a certeza de que tudo o que se faz dentro da nossa convicção merece ser gritado do mais alto sentimento. Bem ou mal, ficou o que me pareceu mais meu!

21
Nov 08
(conversa de Índios)

- Grande Chefe da Lua… minha seta não espetar!
- Cara de Boi Sentado, tu ter de esfregar com esta poção dos deuses.
- E resultar?!
- Resultar! Ser próprio para seta mole!



Bilhetado por Brunorix às 23:47

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