Carlos Ruiz Zafón, in O Jogo do Anjo

2 – A palavra MACHONARIA deve o seu sabor ao verdadeiro homem português. O legítimo, o original, o bem chunga! O seu travo apimentado de baixo nível, contrasta com o doce paladar de genuidade e ingenuidade, polvilhada com um pouco de piroseira. Depois de marinar nalguns anos de cultura suburbana, pode servir-se a gosto (mau sobretudo).
3 – Devido às suas características únicas, MACHONARIA é dificilmente comparável, sendo no entanto a tentativa mais aproximada algures entre o cheiro a rebuçado barato (o mais enjoativo possível) e o toque suave da napa que imita pele, passível de adquirir em qualquer feira do país. A sua palidez intelectual divide-se pela literacia do jornal desportivo (só títulos e fotos) e a primeira página da Nova Gente (a da mulher nua) aquando da espera no consultório ou barbeiro.
P.S. – Exercício de 5 minutos (original), mais 10 minutos na revisão (sobretudo ponto 2 e 3).
P.S.2 – Obrigado ao modelo pela ilustração fotográfica do espécimen (espécie men – é um tipo de homem Machon)
Da escrita do nosso amigo Fernando Cabrita (grande mergulhador!) já eu sabia da existência, agora da beleza de suas palavras e ditas com tal eloquência, é que me surpreendeu de tais lavras os dotes e a sapiência!
Muitos parabéns por este prémio, mais que merecido, e muito obrigado por uma noite inesquecivelmente poética!
P.S. – Uma nota ao senhor presidente da câmara: sair a meio de uma cerimónia para atender o telemóvel (que ainda berrou por algum tempo) é que não me parece bem… e eu que até gosto muito dos seus livros! Perdoei-o mais tarde, aquando das suas parcas mas muito sentidas palavras. Enfim… no melhor pano cai a nódoa.
Trocados os joelhos que estavam no chão, desapertou-lhe os botões das calças um a um deixando antever todo aquele prazer inchado. Uns boxers mais tarde e engolia com volúpia uma erecção descomunal de ansiedade há muito esperada. Abocanhar, lamber e chupar fizeram parte da dança que se seguiu em ritmos molhados.
Ansiosamente retiradas as poucas roupas que ainda sobravam, encontraram-se sobre um chão frio de tanto calor que suportava, numa ávida luta carnal de incontrolável desejo descoberto, com um tom de familiaridade sempre presente. Uma cavalgada incessante marcou o tempo seguinte, dominado pelas rédeas ardentes da paixão. Uma penetração de intensa profundidade fundia suores, sabores e cheiros. Agora de cócoras, agora de gatas, mas sempre numa oferta submissa, penetrada por doce partilha de intimidade. Aqueles corpos amavam-se no momento, confundindo sentimento e desejo com expectativa e certeza.
Vários orgasmos mais tarde, entregaram-se ao descanso merecido depois da intensa batalha de tesão sentido e abusado. A verdade escondida pela loucura lasciva, fazia sorrir de nudez dois corpos que contemplavam o tecto ainda ofegantes:
- Foi uma óptima ideia termos vindo a esta festa!
- Pois foi... anda, veste-te depressa que ainda temos que ir buscar os miúdos a casa da minha irmã!