Servimo-nos dos serviços que temos à disposição. Pagamos por eles e como tal, somos proprietários de alguns direitos. É só levar e montar, nada mais fácil, paga daqui leva dali, dois toques e já está! Tudo muito simples e qualquer gebo consegue. Mas e se corre mal?!
Acertadas agulhas de agenda do difícil e quase incompatível tempo livre, lá conseguimos escolher o dia da compra, o dia da montagem, o dia da entrega, o dia em que dá jeito lá passar, enfim… uma combinação de acontecimentos que implicam o alinhamento da lua com a sétima casa de Saturno à esquerda do eclipse, no preciso momento em que a carta astral diz que sim e a conta bancária também! Esta janelazinha de oportunidade é muito difícil de conjugar, de maneira que tudo está bem até ao momento em que deixa de estar!
Exemplo 1: Armário
AKIano em plástico termo não sei quantos. Olhamos, experimentamos, abrimos portas, medimos prateleiras, fazemos contas (em cm e em €), e escolhemos. É este! Referência tal, tem fotografia e tudo na caixa para não haver engano… e toca a carregar para casa. Rebater bancos do carro, enfiar aquilo lá para dentro ao pontapé, irra que é pesado, afinal é maior do que parece, e agora não apetece. Alguns dias depois, lá se alinha tudo outra vez e arranja-se tempo para ir para a garagem montar tudo. 200 peças depois, bem espalhadinhas no chão e já com metade montado… espera lá, mas este não é o da fotografia! Pois não, não foi este que escolhemos! Mas a foto da caixa está bem! E agora?! Desmontar tudo (que neste caso é muito mais difícil) arrumar o possível na caixa e levar de volta… rebater bancos, etc. até ao princípio.
Naturalmente não há problema na troca, pedem muita desculpa, mas foi o fornecedor e tal e coiso, e carrega tudo outra vez e rebate bancos e pontapés e isso tudo. E agora esperar pelos astros outra vez até montar tudo. Ficou montado. Mas e as viagens a mais? O tempo? A gasolina? A paciência? Quem paga?
Exemplo 2: Sofá
IKEAtico de 18 cantos, 9+9 com 3 camas e piscina. Mais uma vez, olhamos, experimentamos, mudamos almofadas e capas, medimos espaço para rabo e pernas, fazemos contas (em cm e em €), e escolhemos. É este! Referência tal, fotografia no catálogo, com a cama montada e tudo e vamos a isto. A funcionária em 2 segundos faz a encomenda (até nos entreolhamos pela rapidez) e dá-nos um papel com 3 referências: a do sofá, da capa e a da cama. Pagar, marcar entrega (num pequeníssimo intervalo de 4 horas e é se queres), conjugar a dita janelinha e lá se acerta a data.
Dia de entrega, montagem de expectativas e desmanchar ávido da panóplia de caixas. Algumas almofadas mais tarde, está o sofá montado, com todas as capinhas postas, impecável! Falta a cama. Roda daí, puxa daqui, deve ser antes assim, abre para este lado, não vês que é para o outro?! Mas espera lá… esta cama não é daqui! Verificadas as referências tudo parecia bater certo. Vai mesmo de telefone, referências para lá referências para cá, números do talão, do telefone, contribuinte e mais 500 números. Resultado: a funcionária super-rápida trocou a cama do nosso sofá pela de outro da mesma gama mas de outra fisionomia.
Novamente se alinham os astros, marca-se a data (e as 4 horinhas de intervalo) e neste momento espera-se o dia para se fazer a troca. Até lá temos um mamarracho no corredor e um sofá incompleto. Logo hoje que por acaso me apetecia dormir na sala! Quem paga?
Pago eu! Pagamos nós. Pagam todos os que passam por isto. Não é grave e tudo se resolve, mas passamos impávidos e serenos pelas contrariedades de não ter o que queremos, quando queremos e, sobretudo, quando pagamos por isso. Eu também tenho culpa que não faço nada mais se não desabafar. Aqui ficou!