Escritas do fundo do mar

10
Jul 08
Criticar é o acto de exprobar.

Exprobar é o acto de vituperar.

Vituperar é o acto de aviltar.

Aviltar é o acto de envilecer.

Envilecer é o acto de vilipendiar.

Vilipendiar é o acto de desprezar.

Desprezar é o acto de postergar.

Postergar é o acto de pospor.

Pospor é o acto de protelar.

Protelar é o acto de procrastinar.

Procrastinar é o acto de protrair.

Protrair é o acto de adiar.

Adiar é o acto de transferir para outro dia.

Transferir para outro dia é o acto de não dizer hoje o que podia. E como isso eu não fazia…




Sabendo, agora, que criticar acarreta todos estes actos, faço das palavras desculpa por este peso todo que não percebia dos factos. Sinto amor no que digo, mas pena no que faço, se da opinião emitida produzo dores no umbigo e respectivo inchaço.

Não foi ventado por mim a razão do maldizer, foi procura de razão, no meio da confusão e na ponta do saber. Retrato da culpa formada, a imagem da partilha de vontades… e tu sabes! :)



Se há no mundo alguma coisa especialmente difícil e para a qual, apesar disso, nos sentimos preparados, é a arte de criticar.

J. L. Martín Descalzo
Bilhetado por Brunorix às 16:55

Não conseguia dormir. Esperava ansiosamente que lhe fossem dizer que eram horas de levantar. As malas já estavam no corredor, prontas para irem para o carro e estavam tão nervosas como ela. Coitadas, uma noite inteira de espera no corredor. Ela ao menos podia rebolar na cama, apesar de também não conseguir dormir.

O6h da manhã! O cheiro a explosão de alegria pairava pela casa toda. Ela e as malas, não viam a hora de se fazerem ao caminho. Ímpetos travados pelos pormaiores de última hora que eram mais que muitos, e lá se inicia a viagem uma quantidade enorme de horas depois. A vantagem de não dormir na noite anterior era que ela, a sua almofada e o banco de trás fundiram-se num só e ao acordar, como que por magia, já lá estavam!

A primeira vontade, como em todos os anos anteriores, foi a de correr directamente para a praia, para saber se já tinham chegado todos. Todos, quer dizer… o todos até não a deixava muito ansiosa, ela queria era saber se ELE já tinha chegado. No entanto, o seu impulso de paixão, foi logo refreado com um doloroso e interminável descarregar do carro. Já para não falar em arrumar a roupa nas gavetas e as mercearias na dispensa.

- Já posso ir para a praia?! - Suspirava ansiosa e com o seu ar mais sofrido.

Bilhete de autorização finalmente na mão e apanhou o autocarro da expectativa com paragem única no destino desejado. Assim que os seus pés pisaram aquela areia quente de saudade, sorriu do alívio … afinal ELE já tinha chegado!

Claro que tinha chegado, todos os anos chegava primeiro que ela. Todos os anos era o primeiro a chegar, por mais que ela se esforçasse! Embora desconfiada do como, não era isso o mais importante. O que realmente fazia palpitar o seu coração é que ele continuava com a mesma beleza de sempre, com a frescura que se lembrava, com a imponência que tanto a apaixonava.

Correu para ele, como se fosse a primeira e a última vez que o faria. Não aguentava mais a saudade e tinha que lhe tocar…

O seu mar de paixão continuava igual ao que se lembrava. Ano após ano, mantinha a sua juventude e força. Mergulhou naquela água cálida e sorriu ao sentir a envolvência do seu amor de sempre!





P.S. - Exercício do curso de Escrita Criativa - Junho de 2008.
Bilhetado por Brunorix às 12:32
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