Quase sinto vergonha em sofrer os meus “pequeninos” problemas, quando na verdade não sei o que é sofrer verdadeiramente. Bem posso agradecer tudo o que vivi, se me comparar, e é quase criminoso comparar, com outras vidas, com outras experiências de existir.
É com este pensamento intrínseco que tenho saído de algumas salas de cinema e fico a remoer as histórias no íntimo das minhas contemplações. O paralelismo entre a genialidade e a loucura, entre a fama e a miséria, entre o muito bom e o muito mau, entre o alto e o baixo… Cada vez mais sinto que quando recebemos uma alegria de uma mão, temos a acompanhar uma tristeza na outra.
Passado isto e mais os factos, tenho que confessar a profunda admiração e surpresa que se transformou em mim quando deparei com a história de vida de uma diva que sempre me foi indiferente. Cresci a ouvir as suas músicas, mas bem no fundo do poço da minha consideração, por achar que me soava a “foleiro” e a “lamechice”. Nunca puxei o balde da minha atenção até ao cimo porque não compreendia a tonalidade melodramática de toda a sua figura.
Até ao dia, o de ontem, em que aproveitando a fase cinéfila que atravesso fui ver a história da sua vida. Não posso fugir à verdade do meu cepticismo antes de me sentar naquela cadeira e tenho que dar a mão à palmatória em como não ia muito convencido. Mas ao longo da película, e à medida que o meu queixo caía de admiração, fiquei rendido a uma vivência impressionante a que não acredito ser possível ficar indiferente.
Cada vez mais concluo que somos um produto de passados cruzados numa amálgama do presente e que cada passo dado é o resultado de muitas caminhadas. Rendo a minha homenagem a uma vida curta, mas vivida em pleno no fio da navalha! Que choque de realidade vivida se sente nesta história.