Escritas do fundo do mar

09
Jun 10

Acordei morto. Não se percebia bem o motivo nem o porquê, se é que existem porquês para a morte, mas o fundamental é que eu estava morto. Olhei para mim de lado e achei que até estava com bom aspecto (se é que alguma vez tinha tido bom aspecto), não parecia nada estar morto. Talvez um bocadinho frio, só isso.

 

Ao meu lado, a olhar comigo, estava o meu irmão que parecia concordar que o meu bom aspecto (o tal possível) não se coadunava com a minha morte.

 

- Realmente não pareces mal. Sempre foste um bocado feioso, mas não pareces nada estar morto.

- Já viste?! E agora o que é que eu faço à minha vida? Isto não vinha nada a calhar e não me dava jeito nenhum morrer hoje. Até tenho uma apresentação lá na empresa…

- Pois… a essa já não deves ir, não.

- E agora?! Tens que me ajudar!

- Eu?! E o que é que eu sei sobre mortes?

- Sei lá! Mas és meu irmão e tens que me ajudar!

- Epá! Assim de repente…

 

A porta do quarto abriu-se e com a habitual pontaria entra o meu Pai que interrompe o nosso diálogo idiota e se junta à consternação geral.

 

- Olha, olha. Então tás morto? Queres lá ver isto?! Não tinhas uma apresentação hoje? Não comeces a fugir às responsabilidades, já sabes que…

- Eh lá! Calma… eu não fiz nada! Acordei assim, que queres que te diga?!

- Oh Pai tem lá calma. Então o rapaz acorda morto e ainda estás aí a atazanar?!

- Acorda morto, acorda morto! Aprontou alguma de certeza! Então não se vê tão bem que não tem ar de morto?! Vejam lá mas é se resolvem isso os dois que ainda por cima hoje os Avós vêm cá jantar e não quero que te vejam nesse estado! Ainda lhes dá alguma coisa!

 

Com tanta barulheira e a curiosidade do costume, a minha mãe apareceu também para se juntar à festa.

 

- Oh filho! Então vais-me morrer assim sem dar um beijinho à mãe?! Vá lá, toca mas é a levantar que isso é mas é preguiça! Até já te arranjei o pequeno-almoço: sopas de leite com pão, como tu gostas!

- Oh Mãe, por amor de Deus. Achas que eu tenho a culpa?! Já disse que acordei assim, o que é que eu posso fazer?

- Oh querido, não sei… reza um bocadinho pode ser que isso passe. Olha a tua tia uma vez também acordou assim e depois chamámos o Padre e ele rezou por ela.

- E resultou?!

- Não. Mas a tua Tia também não era muito boa, tadinha…

- Olha que grande ajuda! E se vocês em vez de estarem a dizer coisas parvas fizessem qualquer coisa para me ajudar?

 

Nisto desapareceram os três e eu acordei de vez. Estava vivo, quem diria, e com uma apresentação importante para fazer nesse dia!

 

Bilhetado por Brunorix às 20:03

29
Jan 10


- Estou sim?
- Bolo... de arroz?!
- É o próprio.
- O fabrico?
- Não, o bolo!
- Qual bolo?
- O de arroz!
- Desculpe, foi engano.






P.S. - Parválogos são diálogos parvos que iniciam hoje!


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Bilhetado por Brunorix às 11:17

28
Out 09
Humpf, humpf, humpf, pássaro preto! Bum, tum, tum, tum, bum, tum, tum, pássaro preto voa! Humpf, humpf, humpf.

Brrrrr, put, put, put, pássaro preto voa! Humpf, brrrr, bum, put, pássaro preto voa! Pum, bum, na direcção da luz na noite escura! Humpf, humpf, humpf.

Humpf, humpf, humpf, pássaro preto! Bum, tum, tum, tum, bum, tum, tum, pássaro preto voa! Humpf, humpf, humpf.

Brrrrr, put, put, put, pássaro preto voa! Humpf, brrrr, bum, put, pássaro preto voa! Pum, bum, na direcção da luz na noite escura! Humpf, humpf, humpf.

Humpf, humpf, humpf, pássaro preto! Bum, tum, tum, tum, bum, tum, tum, pássaro preto voa! Humpf, humpf, humpf. Estavas só à espera deste momento para te elevares! Humpf, humpf, humpf.

Brrrrr, put, tum, bum… humpf!



Bilhetado por Brunorix às 19:20

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