Escritas do fundo do mar

23
Mar 09
De novo, grito as entranhas da revolta mergulhado em sabor amargo de injustiça. As lassidões circunstanciais de delito infligido, cravam na carne da desonra setas de inverdades descontextualizadas de razão.

Aguentar faz parte do jogo, seguir em frente também. Mas perante a impotência da demonstração, fica a certeza de sabermos no interior o que está bem, o que é justo. Curto? Depende da dimensão do consolo.



Percorrer os campos da vergonha, agarrado ao vento do descontentamento, gritando a peito aberto contra a sacanice do próximo, acalma por momentos a revolta. Mas ela volta, e pudemos contar sempre com mais facadas de onde não esperamos. Entranhamos?

Como em todas as histórias sem final, cada capítulo ajuda a esquecer o anterior. A desilusão passa em cada frase e vai-se escondendo do pensamento. No entanto, e a qualquer momento, folheiam-se alguns passados ultrapassados – ou não – para lembrar que em qualquer orquestra há instrumentos desafinados.


P.S. – Dedicado à desigualdade e às chefias idiotas, aos árbitros que roubam e a outras cotas.



Se sofreu uma injustiça, console-se; a verdadeira infelicidade é cometê-la.

Demócrito

Demócrito de Abdera
(460-370 a.C.)


06
Out 08
O sabor amargo que fica, não deixa esquecer a falta de equidade no momento. A insegurança na verdade provoca o disparo ocasional, mas de ferida certeira. E de que maneira! Abrem-se as comportas da raiva e liberta-se o caudal em todas as direcções. À passagem cega da enxurrada furiosa, arrancam-se plantas, flores e outros odores.

Se duns fica a dor, doutros fica a raiva. No caminho nota-se a gaiva. A incompreensão pelo tratamento contrário suscita a revolta da razão e a certeza da viragem. Ao não reconhecido direito de superioridade, contrapõem-se o grito surdo da angústia. A dificuldade em marchar ao ritmo da incompetência, sem pedir clemência, liberta da fome o prato fundo da sedição.

Soltam-se dúvidas, estremecem amarras. Procuro no escuro do sono a segurança de um aquecimento que me explique, que me dê a resposta que não entendo. A dificuldade no levantar do amanhã, adormece-me o desgosto de hoje. Não acho justo…





… hoje preciso de gritar! Gritar a uma só voz a razão que me acolhe, mas que não me acode. A justiça que quero ver feita e que não se enjeita. Preciso de soltar a raiva escrita do pensamento… a todo o momento…

(…)

Já está!


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